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Ter um professor surdo no Brasil representa um grande avanço na representatividade de uma parcela da população que muitas vezes é invisibilizada. Segundo o INEP, 47,3 milhões de alunos da educação básica, 61.594 possuem alguma deficiência relacionada à surdez (dado oficial do Censo Escolar).

Nesse contexto, a figura do professor surdo assume papel duplo: aquele que amplia a representatividade da comunidade surda na sala de aula e aquele que enfrenta e ajuda a superar barreiras históricas de comunicação, formação e acessibilidade.

Entender a história da educação de surdos no Brasil nos ajuda a compreender como as barreiras estão sendo vencidas e quais são os principais desafios que ainda precisam ser vencidos. Compreenda mais detalhes sobre a atuação de professores surdos na educação brasileira.

Qual foi a primeira escola de surdos no Brasil?

A primeira escola para surdos do Brasil foi fundada em 26 de setembro de 1857, no Rio de Janeiro, com o nome Imperial Instituto dos Surdos-Mudos, hoje Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES).

Em 26 de setembro de 1857 a instituição iniciou suas atividades. Naquele período, a surdez sempre estava associada à mudez, por falta de conhecimento científico, o que desencadeou o nome da instituição.

Quem fundou a primeira escola para surdos no Brasil?

A criação teve iniciativa do educador surdo francês Ernest Huet, respaldada pelo Império. Documentos do próprio INES registram a carta de 1855, na qual Huet propõe a fundação da escola ao Imperador D. Pedro II.

Para tal fundar a instituição, o então Imperador procurou profissionais ao redor do mundo, visando encontrar um professor que pudesse assumir a instituição e promover educação de qualidade para a população.

Com grande concentração de pessoas surdas e mudas na capital carioca, o objetivo era que essas pessoas não fossem marginalizadas por falta de capacidade das escolas tradicionais proporcionarem educação de qualidade.

Quem foi o primeiro professor de surdos no Brasil?

O primeiro professor de surdos na instituição fundada pelo imperador foi Ernest Huet, que era francês. Para tal, o Imperador se uniu ao professor Ernest Huet que teve acesso à melhor educação na Europa antes de ficar surdo aos 12 anos após ter contraído sarampo.

Huet foi o primeiro professor de surdos e figura central na institucionalização do ensino de surdos no Brasil.  

Mesmo após a doença, Huet dominou o espanhol e iniciou seus estudos no Instituto Nacional de Surdos de Paris. Com dedicação se formou professor e em 1851 mudou-se com a esposa para o Rio de Janeiro, onde se tornou professor do Instituto, que utilizava metodologia francesa de ensino.

Por isso mesmo, a maior parte dos ensinamentos eram transmitidos com referências da Língua de Sinais Francesa, que contribuíram profundamente para o desenvolvimento da Língua Brasileira de Sinais (Libras).

Até os dias atuais a primeira escola de surdos do Brasil está em funcionamento. Na atualidade, recebe o nome de Instituto Nacional de Educação de Surdos – INES. Com tantos anos de tradição, o instituto é a maior referência do país no ensino, aprendizado e divulgação da Libras.

Qual é a importância do professor surdo na educação inclusiva?

A importância do professor surdo na educação inclusiva é profunda e multifacetada, uma vez que, ele representa não apenas um educador, mas também um símbolo de acessibilidade, representatividade e empoderamento dentro do ambiente escolar.

Por meio da presença do professor surdo, há um fortalecimento da identidade surda e da Língua Brasileira de Sinais, que é um meio legítimo de comunicação e expressão, promovendo um ambiente de pertencimento e valorização da autoestima dos alunos surdos.

O modelo linguístico e cultural promovido pelo professor surdo assegura contato cotidiano com a Libras como L1 (primeira língua) fortalecendo a identidade e autoestima dos estudantes surdos.

Além disso, é possível promover a comunicação bilíngue, contando com o professor surdo como um elo essencial para educar os alunos em Libras e português, sua atuação promove a facilitação do aprendizado para alunos surdos e para os ouvintes.

De acordo com o Decreto nº 5.626/2005, que regulamenta a Lei nº 10.436/2002, o ensino bilíngue é um dos pilares da educação inclusiva para surdos no Brasil.

Outro aspecto importante da presença do professor surdo é que por vivenciar diariamente os desafios da comunicação e acessibilidade, o profissional traz uma perspectiva única sobre metodologias de ensino, adaptando materiais e estratégias para garantir a inclusão efetiva.

Isso incentiva toda a equipe pedagógica a repensar suas práticas, tornando-as mais visuais, participativas e empáticas. Com a presença do profissional a escola é bilíngue na prática, integrando Libras (L1) e português escrito (L2) em linhas com a educação bilíngue prevista em Lei. 

O impacto institucional também é significativo, uma vez que, fortalece políticas de diversidade, conformidade legal e beneficia a reputação da escola perante famílias e sociedade.

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Quais são os desafios enfrentados pelos professores surdos no Brasil?

Muito embora sua atuação seja extremamente relevante para o cotidiano escolar, o professor surdo ainda enfrenta uma série de desafios que são barreiras para sua atuação, como a dificuldade de se formar, a dificuldade de conseguir uma vaga bem remunerada e outros desafios abordados a seguir:

Desafio 1 – Barreiras na formação acadêmica

A falta de acessibilidade linguística ao longo de toda a formação é uma barreira relevante que os estudantes surdos enfrentam ao longo da vida, dificultando a chegada às universidades que também costumam estar despreparadas.

A falta de materiais didáticos adaptados, a ausência de intérpretes de Libras e a escassez de instituições bilíngues voltadas à formação docente de surdos limita a ascensão profissional daqueles que almejam a carreira em sala de aula.

Desafio 2 – Escassez de escolas bilíngues

A escassez de escolas voltadas ao ensino de pessoas surdas é uma forte barreira, que dificulta a evolução acadêmica de todos aqueles que almejam se formar.

A ausência de profissionais capacitados para adaptar o conteúdo ao longo dos anos escolares dificulta a jornada de desenvolvimento do estudante surdo, seja aquele que quer se tornar um professor e mudar esse cenário ou aqueles que almejam outras carreiras.

Desafio 3 – Falta de apoio institucional

Muitas escolas não possuem intérpretes de Libras e não disponibilizam apoio técnico adequado. O que pode, em muitos casos, sobrecarregar o professor surdo quando o mesmo consegue uma oportunidade de integrar a equipe.

A ausência de políticas claras de educação bilíngue que integram Libras e português de forma eficiente também dificulta a dinâmica de trabalho, inviabilizando que o profissional alcance a excelência almejada.

Desafio 4 – Preconceito e barreiras atitudinais

Alguns estigmas sociais associam a surdez à incapacidade de ensinar, o que desencadeia barreiras atitudinais motivadas pelo preconceito.

A falta de reconhecimento e valorização da identidade surda dentro dos colégios dificulta a ascensão profissional dos professores surdos.

Desafio 5 – Falta de materiais e tecnologias acessíveis

A escassez de recursos pedagógicos visuais e digitais que são produzidos por e para surdos também impacta diretamente a dinâmica de trabalho do professor surdo no Brasil.

A pouca produção de conteúdo bilíngue voltado à educação inclusiva é uma barreira que precisa ser vencida pelo profissional, visando promover a verdadeira inclusão de seus alunos surdos.

É preciso que professores e instituições de ensino façam um pacto com o intuito de vencer tais desafios, com o intuito de promover um ambiente saudável e que favorece o desenvolvimento do profissional e também de seus alunos, sejam eles surdos ou ouvintes.

Quais Leis garantem o direito de professores surdos atuarem no Brasil?

Os professores surdos têm seus direitos garantidos por um conjunto de leis, decretos e políticas públicas que assegurem tanto o acesso à formação quanto o exercício profissional na educação. Abaixo estão as principais legislações que sustentam esse direito:

Portanto, existem diferentes Leis que garantem o direito de professores surdos atuarem no Brasil, com o intuito de promover uma educação bilíngue.

Como os professores surdos se comunicam com alunos ouvintes?

A comunicação entre professores surdos e alunos ouvintes ocorre de forma multimodal, combinando Libras, língua portuguesa e recursos visuais e tecnológicos.

A Libras como eixo da aula é o principal meio de comunicação do professor surdo.
Nas escolas bilíngues, ela é usada tanto para ensinar alunos surdos quanto para interagir com alunos ouvintes que aprendem Libras como segunda língua.

Quando os alunos ouvintes ainda não dominam a Libras, o professor surdo conta com o apoio de um intérprete educacional. Esse profissional traduz a comunicação entre Libras e português escrito (L2), permitindo o diálogo fluido entre o professor e os alunos.

Outra solução usada por professores surdos são legendas, slides, quadros interativos e imagens para facilitar a compreensão dos alunos ouvintes, visando que todos acompanhem o conteúdo independentemente da fala, graças aos recursos visuais.

E por fim, o professor também poderá usar tecnologias de apoio com ferramentas digitais, vídeos legendados, tradutores automáticos de Libras e aplicativos de comunicação inclusiva que ajudam a quebrar as barreiras linguísticas.

A tecnologia educacional compatível com acessibilidade: AVAs com contraste/teclabilidade, materiais com descrição de imagens e vídeos com legendas são essenciais para as práticas de sala.

Quais são os benefícios de ter professores surdos nas escolas?

A presença de docentes surdos vai muito além da representatividade: ela transforma a forma como a escola enxerga diversidade, acessibilidade e aprendizado. Entenda quais são os principais benefícios:

Existem cursos e capacitação para professores surdos?

Sim, existem cursos e capacitações para professores surdos no país inteiro, como é o caso do curso de Especialização em Educação Bilíngue de Surdos, que é uma pós-graduação Lato Sensu da Universidade Federal do Cariri.

Assim como, a Universidade Federal de Uberlândia (UFU) oferece curso gratuito on-line de formação continuada para educação de surdocegos, 90 h, voltado a professores que já atuam ou pretendem atuar com essa população.

Há também um programa da Secretaria Municipal de Educação de Belo Horizonte, que promove a formação, nomeado de “Educação Bilíngue para Surdos: Possibilidades e Desafios”, voltado para professores que atuam com estudantes surdos.

Portanto, existem diferentes capacitações disponíveis, visando que os profissionais possam evoluir em suas carreiras e consigam prestar o melhor ensinamento para seus alunos.

Como a tecnologia ajuda o professor surdo no Brasil?

A tecnologia contribui para intermediar a relação do professor surdo com alunos ouvintes e alunos surdos. É possível utilizar softwares como o VLibras para traduzir texto em tempo real, facilitando a comunicação.

Os recursos visuais e multimídia tornam a explicação do conteúdo mais eficiente, contribuindo para o aprendizado de todos os alunos. Além disso, os profissionais são capazes de produzir conteúdo em Libras, que pode ser usado por alunos em todo o país, impactando a comunidade surda de forma positiva.

Portanto, o investimento em tecnologia é essencial para que a instituição de ensino ofereça a melhor condição de trabalho ao professor surdo.

Conclusão

O papel do professor surdo no Brasil é muito mais que meramente ensinar. Sua atuação inspira, prepara alunos surdos e ouvintes e promove uma educação verdadeiramente inclusiva.

Portanto, todas as instituições de ensino precisam estar abertas à diversidade, empregando profissionais que trazem tamanho impacto positivo para a sociedade.

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Especialista em Acessibilidade, ICOM

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