O que a empresa ganha contratando PCD não se limita a cumprir metas e legislações vigentes. Uma vez que o ganho está em criar ambientes onde a diversidade é entendida como valor. Sobre a contratação de força de trabalho de PCD para empresas, de modo geral, Carolina Ignarra, especialista em inclusão corporativa e acessibilidade, CEO e fundadora da Talento Incluir comenta que “ao garantir a diversidade e inclusão nas empresas, elas estão ganhando em vários setores: com os consumidores, fornecedores e internamente.”

Segundo relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 1,5 bilhão de pessoas no mundo vivem com algum grau de perda auditiva, e cerca de 430 milhões necessitam de reabilitação auditiva. Esses números evidenciam a dimensão global do desafio e ajudam a investigar por que a taxa de empregabilidade desse público ainda é baixa, refletindo barreiras persistentes no mercado de trabalho.

Contudo, muitos ainda desconhecem os ganhos de potencial competitivo por empresas com ações para inclusão efetiva de pessoas com deficiência, seja ela auditiva ou de outro tipo. Empresas mais diversas e inclusivas inovam mais rápido, conquistam novos mercados e fidelizam clientes. Ao remover barreiras de acessibilidade, a organização transforma diversidade em vantagem econômica, produtividade e crescimento sustentável.

Neste artigo, você vai entender quais benefícios uma empresa conquista ao contratar PCD auditivo entre outras pessoas com deficiência, os direitos garantidos por lei, ferramentas que facilitam a comunicação e como implementar acessibilidade de forma prática e estratégica.

Quem contrata PCD tem algum benefício?

Os benefícios da contratação de PCD vão muito além do cumprimento de uma exigência legal. O primeiro impacto é social, pois promove a inclusão e garante oportunidades reais para um grupo historicamente sub-representado no mercado de trabalho. Mas não para por aí: também contribui para fortalecer a reputação institucional, mostrando que a organização valoriza a diversidade e atua com responsabilidade social.

No aspecto jurídico, o artigo 93 da Lei nº 8.213/91 obriga empresas com 100 ou mais funcionários a reservarem de 2% a 5% das vagas para pessoas com deficiência ou reabilitadas pelo INSS. O percentual varia conforme o quadro de empregados e busca ampliar a participação desses profissionais em diferentes portes e segmentos corporativos.

Vale ressaltar que cumprir a legislação de forma estratégica é mais simples com recursos especializados, como a plataforma do Icom, que apoia empresas no atendimento à legislação de maneira prática e eficaz. Ao integrar soluções de acessibilidade, torna possível contratar e incluir PCD auditivos com eficiência, fortalecendo a inclusão e gerando vantagem competitiva.

Porém, é importante esclarecer um mito: a legislação não prevê isenção direta de impostos para quem contrata PCD, mas possibilita incentivos indiretos. Entre eles, deduções de gastos com acessibilidade e treinamentos, considerados custos operacionais. Ao investir nessas medidas, a empresa amplia o engajamento interno, estimula a inovação e fortalece o clima organizacional de forma consistente.

Além disso, empresas que investem em acessibilidade frequentemente descobrem caminhos criativos para melhorar produtos e serviços. Um exemplo claro disso é a Serasa Experian, cliente do Icom, ampliou a participação de colaboradores surdos em reuniões e projetos estratégicos, ganhando agilidade e novas soluções para o mercado. Essa convivência diversa fortaleceu a inovação e consolidou vantagem competitiva.

Qual a vantagem para uma empresa contratar um PCD auditivo?

A contratação de um PCD auditivo pode mudar o ritmo dentro da empresa. De repente, reuniões se tornam mais inclusivas, os processos ganham novas perspectivas e a comunicação flui de formas antes improváveis. É nesse ambiente mais aberto que surgem ideias originais, fortalecendo relações e gerando valor para todos os envolvidos.

Imagine uma reunião estratégica onde um colaborador surdo participa com auxílio do intérprete de Libras. Sua visão única sobre o produto gera uma solução inovadora que aumenta as vendas. Esse ganho não está apenas no lucro, mas na forma como a diversidade corporativa impulsiona novas ideias e fortalece o negócio.

Agora, pense: quantas oportunidades sua empresa já perdeu por não ter canais acessíveis para ouvir todos os colaboradores? E se o próximo grande insight viesse justamente de um profissional que hoje não consegue se expressar plenamente por falta de recursos e inclusão adequados?

Toda empresa deveria trabalhar com inclusão de PCD, independentemente da deficiência da pessoa contratada, neste contexto, Carolina Ignarra aponta que “Trabalhar para o letramento da inclusão, para tornar os ambientes corporativos cada vez mais inclusivos para as pessoas com deficiência, reflete nossa intenção de trabalhar também para transformar e convidar a sociedade a repensar padrões. É urgente que as empresas desenvolvam políticas e práticas que não apenas facilitem a contratação de pessoas com deficiência, mas promovam seu avanço profissional.”

O que obviamente não se limita à contratação de pessoas surdas, mas todos aqueles PCD que acabam sendo marginalizados do mercado formal de trabalho.

Ao refletir internamente a diversidade da sociedade, a empresa se conecta de forma mais autêntica com clientes que valorizam a inclusão, criando vínculos mais fortes e posicionando a marca como referência em responsabilidade social. A inclusão de colaboradores surdos no quadro, também pode ser uma ponte para novos públicos consumidores.

1. Cumprimento da Lei de Cotas com responsabilidade social

Contratar PCD auditivo garante que a empresa cumpra a Lei de Cotas de forma ética e proativa. Em vez de tratar a contratação como obrigação, é possível enxergá-la como oportunidade de gerar impacto social positivo, contribuindo para a redução de desigualdades e construindo um mercado de trabalho mais justo e equilibrado.

2. Melhoria na imagem institucional e reputação

Empresas que priorizam a inclusão conquistam reconhecimento de clientes, de parceiros e do público em geral. A imagem institucional se fortalece ao mostrar que a organização pratica seus valores e está comprometida com a diversidade. Esse prestígio aumenta a atratividade para talentos e gera confiança no mercado.

A especialista em inclusão comenta que “as empresas que são sustentáveis e socialmente responsáveis têm boa reputação e possuem melhor aceitação no mercado. Ao garantir a diversidade e inclusão nas empresas, elas estão ganhando em vários setores: com os consumidores, fornecedores e internamente. Além disso, a diversidade e a inclusão se tornam valores que são incorporados à cultura da empresa e à percepção da marca. O resultado é que há um aumento da aceitação e da receptividade dos produtos e/ou serviços oferecidos pela organização.”

3. Acesso a incentivos fiscais indiretos

Embora não exista isenção direta de impostos, a lei permite a dedução de despesas com adaptações de acessibilidade e treinamentos específicos. Esses custos, quando registrados como operacionais, reduzem a carga tributária. Assim, investir em inclusão traz benefícios econômicos que se somam aos ganhos sociais e de imagem.

4. Fortalecimento da equipe e da cultura de diversidade

A presença de colaboradores com diferentes experiências e perspectivas enriquece o ambiente de trabalho. Times diversos tendem a ser mais criativos, colaborativos e resilientes. A convivência diária estimula a empatia, melhora a comunicação interna e fortalece a cultura organizacional, tornando-a mais aberta e adaptável a mudanças.

Desse modo, ao unir inclusão e estratégia, a empresa não apenas cumpre a lei, mas também amplia sua capacidade de inovação. O engajamento cresce, as equipes se tornam mais produtivas e o negócio se fortalece para enfrentar desafios, aproveitar oportunidades e construir um futuro mais sustentável e competitivo.

5. Formação de equipes mais criativas e inovadoras

Carolina aponta que combinar diferentes culturas proporciona experiências únicas que agregam valor, melhoram a convivência e permitem a troca de aprendizado. Ter acesso a diferentes pontos de vista e ouvir opiniões diversas ajuda repensar padrões e ampliar a criatividade, fatores que aumentam o potencial de inovação. 

Quais os direitos de um PCD auditivo dentro de uma empresa?

Colaboradores com deficiência auditiva têm uma série de garantias legais que visam permitir sua participação plena e produtiva no ambiente de trabalho. Esses direitos abrangem desde a forma como a comunicação acontece até as oportunidades de desenvolvimento profissional, passando por adaptações que eliminem barreiras.

1. Acessibilidade na comunicação

Esse direito inclui intérpretes de Libras presenciais ou remotos, legendas em tempo real e uso de tecnologias assistivas, permitindo que colaboradores surdos participem de reuniões, treinamentos e interações com igualdade. A comunicação acessível fortalece a autonomia e a integração com a equipe, tornando o ambiente mais inclusivo e produtivo.

2. Adaptações razoáveis no ambiente de trabalho

A empresa deve oferecer adaptações sem custo para o trabalhador. Isso pode envolver ajustes no layout, sinalização visual, softwares específicos ou outros recursos que eliminem barreiras físicas e comunicacionais, garantindo que o PCD auditivo exerça suas funções de forma eficaz, segura e em igualdade com os colegas.

3. Jornada de trabalho adequada às necessidades

A lei prevê que aspectos como deslocamento, pausas estratégicas e flexibilidade para tratamentos médicos sejam considerados, sem prejuízo salarial ou discriminação. Medidas assim contribuem diretamente para o bem-estar, a produtividade e a permanência de longo prazo do colaborador no quadro da empresa.

4. Treinamento e oportunidades iguais para crescimento

Empresas devem garantir que o PCD tenha acesso a cursos, capacitações e processos seletivos internos, com as adaptações necessárias para concorrer em igualdade de condições. Essa prática assegura que o desenvolvimento profissional seja inclusivo e alinhado ao potencial de cada colaborador.

Garantir esses direitos vai além de cumprir obrigações legais. É plantar sementes para uma cultura de respeito e equidade, em que cada profissional se sinta valorizado pelo que é e pelo que pode oferecer. Esse ambiente saudável é um dos principais motores para atrair e reter talentos.

Por outro lado, a fiscalização e o cumprimento dessas garantias são essenciais para que não fiquem apenas no papel. Órgãos como o Ministério Público do Trabalho atuam para garantir que empresas respeitem a lei, mas é a postura proativa das organizações que transforma direitos em práticas concretas e efetivas de inclusão.

Quais ferramentas podem facilitar a comunicação com PCD auditivo?

Garantir a inclusão de colaboradores surdos exige recursos que tornem a comunicação clara, ágil e acessível no dia a dia. Felizmente, há diversas ferramentas que cumprem esse papel e podem ser implementadas em empresas de diferentes portes e segmentos, potencializando a participação plena dos profissionais com deficiência auditiva.

• Intérprete de Libras (presencial e remoto): facilita a interação em reuniões, treinamentos, eventos e atendimentos, assegurando que a mensagem seja compreendida por todos de forma simultânea;
  
• Softwares de transcrição automática: convertem fala em texto instantaneamente, ajudando na compreensão de apresentações, reuniões e até ligações telefônicas;
  
• Plataformas de videochamadas acessíveis: oferecem recursos de pinagem de vídeo do intérprete, integração com legendas automáticas e compatibilidade com leitores de tela para proporcionar uma comunicação verdadeiramente inclusiva;
  
• Legendas em tempo real: permitem que o conteúdo falado seja acompanhado por texto simultâneo, útil em transmissões ao vivo, webinários e conferências virtuais;
  
• Sinalização visual interna: uso de alertas luminosos, placas e ícones que auxiliam na orientação, segurança e informação dentro do espaço físico da empresa.

Com o apoio de recursos adequados, a comunicação deixa de ser um obstáculo e passa a fluir com naturalidade. A integração de soluções diversas cria um ecossistema de troca eficiente, reduzindo ruídos e fortalecendo vínculos entre equipes. Assim, todos colaboram em pé de igualdade, e cada ideia tem espaço para ser ouvida e aproveitada.

Pensar em ferramentas que podem ser úteis para a rotina vai muito além da inclusão de colaboradores, também impacta os clientes. Um exemplo claro disso é citado por Carolina, quando uma companhia aérea recebeu o ‘Selo de Acessibilidade Arquitetônica’, concedido pela Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência (SMPED) da Prefeitura de São Paulo pela substituição das escadas de acesso à aeronave para embarque e desembarque de passageiros por uma rampa móvel, promovendo ganho expressivo de acessibilidade.

A inovação acabou proporcionando mais acessibilidade também no embarque de mulheres gestantes, pessoas com baixa mobilidade temporária ou permanentemente, crianças, etc. O reconhecimento trouxe mais valor à empresa porque ela decidiu atender às inúmeras e constantes reclamações de clientes que querem e precisam ter mais autonomia ao embarcar. Ou seja, a verdadeira inclusão beneficia o negócio como um todo.

Conclusão

A inclusão corporativa de pessoas com deficiência auditiva não é apenas um compromisso ético — é uma estratégia que amplia perspectivas, fortalece equipes e impulsiona resultados. Vimos ao longo deste artigo que garantir acessibilidade para PCD traz benefícios concretos: melhora na reputação, inovação, engajamento e cumprimento de direitos fundamentais.

Portanto, ao investir em recursos como intérpretes de Libras, tecnologias assistivas e adaptações no ambiente de trabalho, a empresa cria condições para que todos contribuam com seu máximo potencial. Esse movimento transforma a cultura organizacional, aumenta a competitividade e aproxima o negócio de um futuro mais diverso e sustentável.

O ICOM oferece soluções em Libras que tornam essa inclusão uma realidade prática. Com intérpretes online em tempo real e tecnologia que conecta surdos e ouvintes em qualquer situação, o ICOM é o parceiro ideal para eliminar barreiras e abrir novas possibilidades para sua empresa. Clique e saiba mais!

Este artigo foi produzido em colaboração com Carolina Ignarra, CEO e fundadora da Talento Incluir | Top Voice do LinkedIn | Profissional de Diversidade e Inclusão é especialista em empregabilidade de pessoas com deficiência desde 2005.