A comunicação acessível é um pilar fundamental para garantir que informações, serviços e experiências sejam compreensíveis e utilizáveis por todas as pessoas, independentemente de suas habilidades, limitações ou contexto cultural. Em um mundo cada vez mais conectado, implantar práticas de comunicação inclusiva é uma estratégia que amplia o alcance, fortalece a reputação institucional e promove equidade.
Em linhas gerais, a comunicação acessível vai além da adaptação de conteúdo, ela envolve a clareza na linguagem, o uso de formatos alternativos e a remoção de barreiras que impedem a compreensão por pessoas com deficiência visual, auditiva, cognitiva ou outras necessidades específicas.
Para alinhar sua organização às melhores práticas reconhecidas internacionalmente, recursos como as Web Content Accessibility Guidelines (WCAG). A seguir, aproveite um panorama geral sobre o que é comunicação acessível, seus principais tipos e como implantá-la de forma estratégica e sustentável, para que sua empresa não só cumpra normas de acessibilidade, como também fortaleça a comunicação com públicos diversos.
O que é uma linguagem acessível?
Linguagem acessível é a forma de comunicar informações de maneira clara, simples, objetiva e inclusiva, para que o maior número possível de pessoas consiga entender o conteúdo sem barreiras independentemente de nível de escolaridade, condição cognitiva, deficiência, idade ou familiaridade com o tema.
Trata-se de uma forma de comunicação que se baseia no princípio de que compreender a mensagem é um direito, não um privilégio. Na prática, usar linguagem acessível significa:
- Utilizar frases curtas e bem estruturadas;
- Preferir palavras comuns em vez de termos técnicos ou jargões;
- Explicar siglas, conceitos complexos e palavras estrangeiras;
- Manter uma ordem lógica das ideias, facilitando a leitura;
- Evitar ambiguidades, ironias e construções confusas;
- Escrever de forma direta, sem excesso de formalidade desnecessária.
Dessa forma, pessoas com transtornos de aprendizagem, baixa escolaridade, idosos, pessoas com deficiência intelectual ou cognitiva e usuários de leitores de tela e tecnologias assistivas conseguem compreender toda a mensagem.
No contexto da comunicação acessível, a linguagem é um dos pilares mais importantes, pois mesmo conteúdos tecnicamente acessíveis como sites compatíveis com leitores de tela podem falhar se a mensagem for difícil de entender.
Portanto, um dos cuidados para quem busca adotar uma linguagem apropriada é reduzir a presença de jargões técnicos nos conteúdos, com o intuito de que todos consigam entender plenamente a mensagem que foi transmitida.
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Por que a comunicação acessível é importante?
A comunicação acessível é importante porque garante que todas as pessoas tenham acesso real à informação, possam compreender mensagens com autonomia e participar ativamente da sociedade, independentemente de limitações físicas, sensoriais, cognitivas ou do nível de letramento.
Mais do que uma boa prática, ela é um direito, uma responsabilidade social e uma estratégia inteligente para organizações públicas e privadas. E é uma exigência legal prevista na LBI, Lei n° 13.146.
Promovendo uma comunicação estrategicamente acessível, é possível reduzir barreiras que historicamente excluiram pessoas com deficiência, idosos, pessoas com baixa escolaridade ou que não dominam plenamente a língua. Quando a informação é clara e acessível, ela promove igualdade de oportunidades e fortalece a cidadania.
Além disso, os conteúdos divulgados online que foram produzidos segundo os princípios da acessibilidade performam melhor. Uma vez que, são fáceis de compreender, o que melhora o engajamento e o tempo de permanência das pessoas em contato com o conteúdo.
Organizações que investem em melhorar a comunicação com o público demonstram responsabilidade social, empatia e compromisso com a diversidade. Isso fortalece a confiança do público, melhora a imagem da marca e amplia o alcance da mensagem.
Quais são os tipos de comunicação acessível?
Os tipos de comunicação acessível representam diferentes formas de eliminar barreiras e garantir que a informação seja compreendida, percebida e utilizada por todas as pessoas. São formatos que podem ser aplicados de forma integrada, conforme o público, o contexto e o canal de comunicação, como é o caso das adaptações visuais, auditivas, digital e física, entenda mais detalhes:
1. Comunicação acessível visual
Voltada principalmente para pessoas com deficiência visual ou baixa visão. Inclui recursos como o uso adequado de contraste de cores, fontes legíveis e em tamanhos ajustáveis e descrição de imagens (texto alternativo).
É uma estratégia que requer o uso de títulos e hierarquias claras na formatação do conteúdo e demanda que a equipe tenha o cuidado de evitar excesso de informações visuais na comunicação.
2. Comunicação acessível auditiva
Essencial para pessoas surdas ou com deficiência auditiva. Envolve o uso de legendas em vídeos e transmissões ao vivo, tradução em Libras e transcrição de áudios.
Além disso, é fundamental efetuar o uso de linguagem clara em materiais escritos, para que as pessoas consigam entender o conteúdo plenamente.
3. Comunicação acessível textual e linguística
É uma estratégia que foca na compreensão da linguagem, beneficiando pessoas com deficiência intelectual, dificuldades de leitura ou baixo letramento. O que demanda o uso de frases objetivas e curtas, linguagem clara e direta e explicação de termos técnicos e siglas.
O conteúdo precisa ter estrutura lógica e organizada, para que as pessoas consigam compreender o conteúdo com facilidade.
4. Comunicação acessível digital
A comunicação acessível digital está relacionada ao acesso em sites, aplicativos e plataformas digitais, seguindo as diretrizes WCAG para garantir navegação por teclado, compatibilidade com leitores de tela e formulários acessíveis.
Além disso, também é necessário ter botões e links bem identificados e conteúdos adaptados para diferentes dispositivos, visando garantir total acessibilidade seja usando computador ou dispositivos móveis.
5. Comunicação acessível física
Relacionada ao acesso a informações em espaços físicos. Inclui a sinalização acessível, materiais impressos em formatos ampliados, totens e painéis acessíveis para que todos os dados relevantes para o público estejam sempre ao alcance.
Quando todos os dados estão disponíveis, é natural que as pessoas consigam usufruir de uma experiência mais agradável nos pontos de contato com a empresa.
6. Comunicação acessível institucional
O público interno também é extremamente importante para uma empresa. Por isso, é necessário fazer comunicados internos acessíveis, oferecer treinamento de equipes com a comunicação adaptada e ter políticas de acessibilidade comunicacional.
Definindo políticas de acessibilidade comunicacional, é possível ter uma base estrutural acessível que não se limita a um formato único e é uma estratégia integrada de inclusão, garantindo que a informação chegue a todos de forma clara, respeitosa e eficiente.
Quais são os 3 pilares da acessibilidade?
A acessibilidade se baseia em três pilares principais que são a autonomia, conforto e segurança, compreenda com mais detalhes:
1. Autonomia
A autonomia é o pilar central da acessibilidade. Ela se refere à possibilidade de a pessoa executar suas atividades sozinha ou com o mínimo de ajuda possível, sem depender constantemente de terceiros.
O que permite que a pessoa se oriente, compreenda e tome decisões por conta própria, usufruindo do acesso de informações claras e em formatos acessíveis.
Em geral, a autonomia precisa ser considerada na empresa física e também no site, permitindo que a pessoa com deficiência tenha independência utilizando tecnologias assistivas e aproveitando a estrutura da empresa.
2. Conforto
O conforto diz respeito ao baixo esforço físico, sensorial ou cognitivo necessário para utilizar um ambiente, serviço ou informação. Acessibilidade não deve ser cansativa, confusa ou desgastante.
Portanto, é necessário reduzir os deslocamentos desnecessários, usar linguagem clara para reduzir o esforço cognitivo e garantir boa iluminação, contraste visual e legibilidade.
Em linhas gerais, o conforto está diretamente ligado à experiência do usuário, tornando o uso mais natural e fluido, beneficiando todos os usuários que se conectam com a empresa.
3. Segurança
A segurança tem como objetivo evitar acidentes, erros e situações de risco, protegendo a integridade física e emocional das pessoas.
O que demanda eliminar obstáculos físicos e digitais, garantir a sinalização clara e acessível e evitar informações ambíguas que possam gerar erros.
Uma sinalização acessível com contraste adequado e informações claras reduz o risco de acidentes em ambientes físicos e facilita a orientação de todos. Quando os três pilares são aplicados corretamente, a acessibilidade se torna uma prática concreta e eficaz.
Quais são os benefícios da comunicação acessível?
Desenvolver uma comunicação realmente acessível impacta no cotidiano da empresa, promovendo uma série de benefícios como a redução de riscos jurídicos, aumento de alcance, fortalecimento de imagem, entenda mais detalhes:
- Ampliação de acesso: possibilita que todos os públicos tenham acesso aos dados relevantes, seja a equipe interna da empresa ou os clientes;
- Promove respeito: a empresa que é verdadeiramente acessível demonstra seu respeito à diversidade, inclusão e promove equidade;
- Fortalece a imagem: uma empresa verdadeiramente acessível tem sua reputação e credibilidade impactados positivamente;
- Redução de ruídos: quando a comunicação é clara, é possível transmitir as mensagens potencializando a compreensão e reduzindo os ruídos de comunicação;
- Redução de riscos: é importante perceber que toda empresa precisa respeitar a legislação vigente, por isso, pensar na acessibilidade reduz os riscos jurídicos e institucionais.
Quais são os desafios na implementação da comunicação acessível?
A implementação da comunicação acessível ainda enfrenta diversos desafios, especialmente porque muitas organizações enxergam a acessibilidade como uma ação pontual, e não como uma estratégia contínua.
Um dos principais obstáculos é a falta de conhecimento técnico sobre o tema, o que leva à adoção de soluções superficiais ou incompletas, como tornar um site visualmente acessível, mas manter uma linguagem complexa e pouco compreensível.
Outro desafio recorrente é a resistência cultural e organizacional. Em muitas empresas, a acessibilidade não é vista como prioridade estratégica, sendo tratada apenas como uma exigência legal. Isso dificulta o engajamento da liderança e das equipes, comprometendo investimentos, prazos e a integração da comunicação acessível aos processos internos.
Também há dificuldades relacionadas à capacitação dos profissionais envolvidos na produção de conteúdo. Redatores, designers, equipes de marketing, RH e tecnologia nem sempre são treinados para aplicar princípios de linguagem simples, acessibilidade digital, Libras, legendagem ou descrição de imagens, o que gera inconsistências na comunicação.
A falta de padronização e governança é outro ponto crítico. Sem diretrizes claras, políticas internas e fluxos definidos, cada área comunica de um jeito, tornando a acessibilidade irregular e difícil de manter ao longo do tempo. Além disso, a ausência de auditorias e métricas específicas impede a avaliação real da eficácia das ações adotadas.
Há ainda desafios técnicos, como limitações de plataformas, sistemas e ferramentas, que nem sempre são compatíveis com tecnologias assistivas ou permitem adaptações acessíveis de forma simples. Em alguns casos, sistemas legados exigem investimentos maiores para adequação.
Por fim, a comunicação acessível exige uma mudança de mentalidade: compreender que tornar a informação acessível não é “simplificar demais”, mas sim comunicar melhor. Superar esses desafios passa por educação, planejamento estratégico, envolvimento da liderança e pela incorporação da acessibilidade como valor central da comunicação, e não como um complemento.
Como implementar a comunicação acessível em empresas?
Para implementar a comunicação acessível em empresas, é necessário estruturar um passo a passo eficaz que se inicia em diagnosticar a situação atual e termina no entendimento de que o processo deve ser continuamente aperfeiçoado, compreenda mais detalhes a seguir:
Passo 1 – Diagnosticar a comunicação atual
O primeiro passo é entender como a empresa se comunica hoje. Avalie canais internos, site, redes sociais, materiais institucionais, atendimento ao cliente e treinamentos. Identifique barreiras de linguagem, formato, acesso digital e compreensão para que possa diagnosticar o cenário e consiga planejar os ajustes necessários.
Passo 2 – Definir objetivos e públicos
A partir do entendimento pleno de qual é o cenário atual, é hora de estabelecer metas claras para a comunicação acessível e mapear os públicos atendidos, incluindo pessoas com deficiência, colaboradores, clientes e parceiros. Isso ajuda a priorizar ações e escolher os recursos adequados para cada ação que será desenvolvida.
Passo 3 – Criar diretrizes e uma política clara de comunicação
Desenvolva um guia interno com padrões de linguagem acessível, uso de imagens, vídeos, legendas, Libras, contrastes, fontes e formatos. Essa padronização garante consistência e facilita a adoção pelas equipes, garantindo que todos entendam a importância das condutas adotadas na empresa para promover a inclusão de clientes e colaboradores.
Passo 4 – Capacitar as equipes
Treine profissionais de comunicação, marketing, RH, atendimento, tecnologia e liderança. A capacitação deve abordar linguagem simples, acessibilidade digital, comunicação inclusiva e uso correto de ferramentas acessíveis para divulgar as mensagens que serão transmitidas pela empresa no cotidiano, seja nos canais internos ou para o público consumidor.
Passo 5 – Adequar canais e formatos
Determine quais são os canais que vão passar por adequações, defina a linguagem que será utilizada, inclua o uso de descrição alternativa nas imagens e garanta que os comunicados internos serão acessíveis a todos os colaboradores. Defina um plano de ação começando a adaptar o que foi identificado como mais crítico.
Passo 6 – Integrar a acessibilidade aos processos
A comunicação acessível deve fazer parte do fluxo padrão de criação de conteúdo, desde o planejamento até a publicação. Inclua checklists de acessibilidade e critérios mínimos de validação antes de qualquer divulgação.
Passo 7 – Envolver a liderança
O apoio da liderança é essencial para garantir prioridade, recursos e continuidade. Quando gestores apoiam a comunicação acessível, ela deixa de ser pontual e se torna parte da cultura organizacional.
Passo 8 – Monitorar, medir e ajustar
Acompanhe métricas de compreensão, engajamento, usabilidade e satisfação. Realize auditorias periódicas para garantir que os padrões de comunicação acessível estejam sendo mantidos e faça os ajustes necessários revisando as práticas adotas sempre visando promover melhorias constantes em sua comunicação.
Conclusão
A comunicação acessível é um elemento essencial para organizações que desejam se comunicar de forma ética, eficiente e inclusiva. Ao adotar práticas que promovem autonomia, conforto e segurança, as empresas ampliam o acesso à informação, reduzem barreiras e fortalecem o relacionamento com seus públicos.
Mais do que cumprir normas, investir em comunicação acessível é assumir um compromisso contínuo com a inclusão, a clareza e a valorização das pessoas, transformando a comunicação em um verdadeiro instrumento de conexão e impacto positivo.
Conte com a plataforma ICOM para que possa promover a inclusão real para colaboradores surdos, garantindo que a comunicação em sua empresa seja eficaz e todos os profissionais sejam verdadeiramente incluídos.
Especialista em Acessibilidade, ICOM