A acessibilidade no mundo corporativo é uma realidade exigida por lei e pelo público. Há mais de uma década, normas vêm sendo implementadas no Brasil e as empresas estão se movimentando rapidamente para se adequar. Hoje, a ausência de iniciativas inclusivas pode comprometer a reputação das marcas que ignoram essa exigência. 

Felizmente, as tecnologias que existem há anos, como as rampas para cadeirantes ou pessoas com mobilidade reduzida, por exemplo, vêm aumentando, ao mesmo tempo em que surgem novas soluções.  O desafio é fazer com que as empresas enxerguem essa realidade e invistam mais recursos em acessibilidade. 

Neste artigo, vamos lançar luz sobre conceitos, barreiras e soluções reais de acessibilidade. Você verá exemplos práticos e estratégias que ajudam empresas a se tornarem mais inclusivas e eficientes. Uma dessas soluções é o ICOM, plataforma que insere Libras no ambiente corporativo de forma simples e estratégica. 

Qual é o conceito de acessibilidade? 

Acessibilidade é o conjunto de ações, medidas e condições que garantem o acesso de todas as pessoas aos espaços físicos, à comunicação, aos meios digitais e aos serviços em geral. O conceito parte do princípio da igualdade de oportunidades e da autonomia no uso de ambientes, produtos e informações. 

Mais do que adaptar estruturas, acessibilidade significa remover barreiras que impedem a participação plena de indivíduos com deficiência ou mobilidade reduzida em todos os aspectos da vida social, educacional e profissional. Isso envolve também atitudes, comunicação e políticas públicas que respeitem a diversidade humana. 

No Brasil, o tema é regulamentado por leis específicas que definem parâmetros técnicos e comportamentais para promover a inclusão em escolas, empresas, órgãos públicos, transporte, cultura, lazer, entre outros setores da sociedade. 

Qual é o principal objetivo da acessibilidade? 

O objetivo central da acessibilidade é garantir que todas as pessoas possam exercer seus direitos e participar da vida em sociedade de forma plena, segura e autônoma, independentemente de suas condições físicas, sensoriais, intelectuais ou sociais. 

A acessibilidade busca reduzir desigualdades, promovendo inclusão em todos os contextos, assegurando que indivíduos com deficiência tenham acesso aos mesmos espaços, oportunidades e experiências que qualquer outro cidadão. 

Mais do que um compromisso legal, a acessibilidade é um princípio ético. Implementá-la significa reconhecer o valor da diversidade humana e criar um mundo inclusivo. 

Quais são os tipos de acessibilidade? 

A acessibilidade pode se manifestar de diversas formas, dependendo do contexto e das necessidades específicas de cada pessoa. Por isso, ela é classificada em diferentes tipos, cada um voltado a um aspecto da interação humana com o ambiente, a informação ou os serviços. 

Conhecer essas categorias é essencial para compreender que a acessibilidade vai muito além da infraestrutura física. A seguir, explicamos os principais tipos de acessibilidade: 

Acessibilidade arquitetônica 

Trata da eliminação de barreiras físicas em espaços construídos, como calçadas, prédios, escolas, transportes e estabelecimentos comerciais.  

Acessibilidade comunicacional 

Trata-se de garantir que todas as formas de comunicação sejam acessíveis, especialmente em contextos em que a informação é vital, como saúde, educação ou trabalho. Isso inclui intérpretes de Libras, legendas, audiodescrição, língua, braile, entre outros recursos. No entanto, mais do que ferramentas, a comunicação acessível envolve reconhecer línguas como a Libras em sua totalidade. Fábio de Sá, especialista em acessibilidade, lembra que durante muitos anos, surdos eram obrigados a passar por fonoaudiologia, sendo desencorajados a usar Libras. Foi somente após o reconhecimento legal da Libras em 2002 que essa realidade começou a mudar. A Libras, para muitos, não é um apoio técnico — é a língua materna, a única forma plena de expressão e compreensão.

Acessibilidade digital 

Garante que sites, aplicativos, plataformas e conteúdo online possam ser utilizados por pessoas com deficiência visual, auditiva ou motora. 

Acessibilidade metodológica 

Relaciona-se aos métodos de ensino e aprendizagem adaptados às necessidades de cada aluno. Implica a diversificação de estratégias pedagógicas, recursos multimodais e avaliações inclusivas, sobretudo no ambiente educacional. 

Acessibilidade instrumental 

Consiste na adaptação de ferramentas, materiais ou equipamentos que viabilizem a realização de tarefas de forma autônoma. 

Acessibilidade programática 

Refere-se à existência de políticas públicas, diretrizes institucionais e procedimentos organizacionais que promovem a inclusão de forma estruturada.  

Acessibilidade atitudinal 

Muitos preconceitos nascem da expectativa de que pessoas com deficiência devem se adaptar ao “mundo comum” — por exemplo, esperar que surdos se oralizem ou passem a ouvir com implantes. Fábio destaca que há uma diversidade de perfis na comunidade surda, como por exemplo a variação linguística onde alguns surdos dentro da comunidade não utilizam a Libras como sua primeira língua, por isso a valorização da identidade linguística é fundamental: forçar a oralização pode ser tão excludente quanto ignorar a acessibilidade física. Reconhecer e respeitar a Libras como forma plena de comunicação é, antes de tudo, uma postura ética e inclusiva. 

Quais são os exemplos de acessibilidade? 

A acessibilidade está presente em diversas situações do cotidiano, embora muitas vezes passe despercebida por quem não enfrenta barreiras. Os exemplos práticos demonstram como é possível criar ambientes mais inclusivos com ações simples, mas significativas. Confira abaixo: 

Legendas, Libras e leitores de tela 

Na comunicação e no ambiente digital, bons exemplos de acessibilidade incluem vídeos com legendas e intérpretes de Libras, sites compatíveis com leitores de tela e textos com linguagem simples. Tais ferramentas permitem que pessoas com deficiência auditiva ou visual tenham acesso à informação de forma plena. 
 
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Rampas, elevadores e sinalização tátil 

Um dos exemplos mais visíveis de acessibilidade arquitetônica são as rampas de acesso e os elevadores com botões em braile e aviso sonoro. Pisos táteis também orientam pessoas com deficiência visual em espaços públicos ou privados. Esses recursos promovem a mobilidade com segurança e autonomia. 

Materiais escolares adaptados 

Na educação inclusiva, é comum o uso de livros em braile, conteúdos em áudio, recursos visuais ampliados, e atividades com linguagem simples para alunos com deficiência visual, auditiva, intelectual ou múltipla. Isso garante equidade no processo de aprendizagem. 

Sinalização acessível em espaços públicos 

Mapas em relevo, placas com pictogramas, sinalização em braile e avisos sonoros em estações de metrô ou ônibus são exemplos de acessibilidade comunicacional e arquitetônica. Eles tornam o deslocamento e a orientação mais seguros para todos. 

Atendimento inclusivo em empresas 

Empresas que treinam suas equipes para atender com empatia, oferecem canais acessíveis (como atendimento por Libras ou chat com leitura por voz), e disponibilizam espaços adaptados, promovem acessibilidade atitudinal, programática e física ao mesmo tempo. 

Softwares e dispositivos assistivos 

Recursos como lupas eletrônicas, teclados adaptados, softwares de comando por voz, ampliadores de tela e dispositivos que leem textos em voz alta são exemplos de acessibilidade digital e instrumental. Eles são fundamentais para o trabalho, estudo e lazer para pessoas com diferentes necessidades.

Eventos e cultura acessíveis 

Espetáculos com audiodescrição, exposições com recursos multissensoriais, livros em formatos acessíveis, traduções simultâneas em Libras e palcos com rampas são formas de tornar a arte e a cultura acessíveis a todos os públicos. 

Quais são as normas brasileiras de acessibilidade? 

O Brasil conta com um conjunto robusto de leis e normas técnicas que orientam e regulamentam a promoção da acessibilidade.  

Essas diretrizes garantem que a inclusão de pessoas com deficiência não seja apenas uma boa prática, mas uma obrigação legal e ética das instituições públicas e privadas. Conhecê-las é essencial para qualquer pessoa ou organização que deseje estar em conformidade com a legislação e promover uma cultura verdadeiramente inclusiva. 

Principais normas brasileiras de acessibilidade: 

  1. Lei nº 10.098/2000: estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida; 
  1. Lei nº 13.146/2015 (Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência – LBI): garante os direitos das pessoas com deficiência em todas as esferas sociais; 
  1. Decreto nº 5.296/2004: regulamenta as Leis nº 10.048/2000 e 10.098/2000, definindo critérios técnicos de acessibilidade em espaços físicos e transporte coletivo; 
  1. ABNT NBR 9050:2020: trata de acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos; 
  1. ABNT NBR 17060:2022: define diretrizes para acessibilidade em comunicação na internet, voltada a sites e plataformas digitais; 
  1. Decreto nº 6.949/2009: promulga a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência da ONU, com força de emenda constitucional; 
  1. Lei nº 12.764/2012: Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, que incluem diretrizes de acessibilidade. 

Quais são as 7 barreiras da acessibilidade? 

Mesmo com avanços legislativos e tecnológicos, diversas barreiras ainda dificultam a inclusão plena de pessoas com deficiência na sociedade. Essas barreiras estão descritas de forma oficial na Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015), conhecida como LBI. 

A LBI define barreiras como qualquer entrave, obstáculo, atitude ou prática que limite ou impeça o exercício pleno dos direitos e liberdades fundamentais da pessoa com deficiência. A seguir, listamos os sete principais tipos, com exemplos práticos que ajudam a visualizar o impacto de cada um deles. 

Barreira arquitetônica 

São obstáculos físicos que dificultam o acesso ou a circulação em ambientes construídos. Exemplos incluem ausência de rampas, degraus sem alternativas, portas estreitas, falta de corrimãos ou banheiros adaptados. 

Barreira comunicacional 

Impedimentos na forma como as informações são transmitidas. A ausência de intérprete de Libras, legendas em vídeos, materiais em braile ou linguagem acessível exclui pessoas com deficiência auditiva, visual ou intelectual. 

Por exemplo, em uma consulta médica, uma paciente surda foi orientada a evitar o açúcar por conta de problemas no fígado. Sem intérprete presente, ela deixou de consumir doces, mas continuou ingerindo frutas — sem saber que também continham açúcar. A informação incompleta comprometeu seu tratamento e gerou frustração. 

Barreira atitudinal 

Resulta de preconceitos, estigmas e desinformação. Acreditar que a pessoa com deficiência é incapaz, superprotegê-la ou ignorar sua autonomia são formas comuns dessa barreira, que alimenta o capacitismo e a exclusão. 

Um exemplo frequente ocorre com pessoas surdas, que muitas vezes são elogiadas por conseguirem se comunicar oralmente, como se isso fosse superior ao uso de Libras. Essa valorização da oralização em detrimento da língua de sinais revela uma atitude excludente e desrespeitosa com a identidade linguística de boa parte da comunidade surda. 

Barreira tecnológica 

Refere-se à ausência ou inadequação de recursos digitais e equipamentos que tornem a tecnologia acessível. Sites incompatíveis com leitores de tela, aplicativos sem descrição de imagens e softwares sem acessibilidade dificultam o acesso à informação e aos serviços. 

Barreira metodológica 

Relaciona-se a práticas pedagógicas rígidas ou excludentes. O uso de métodos únicos de ensino, avaliações padronizadas e falta de adaptação curricular impedem a aprendizagem de alunos com deficiência. 

Barreira programática 

São obstáculos presentes em normas, regulamentos e políticas institucionais. Um edital que não prevê atendimento especializado ou uma empresa sem política de inclusão são exemplos dessa barreira. 

Em muitas cidades do interior, crianças surdas ainda não têm acesso a escolas bilíngues ou profissionais qualificados em Libras. Essa ausência de políticas públicas adequadas compromete o aprendizado, a socialização e o desenvolvimento de milhares de estudantes. 

Barreira natural 

Refere-se a elementos do meio ambiente que limitam a acessibilidade, como terrenos acidentados, falta de iluminação natural, chuvas excessivas sem abrigo adequado ou vegetações mal posicionadas em calçadas. 

Como tornar o negócio verdadeiramente acessível? 

Segundo Fabio de Sá, tornar um negócio acessível não é apenas uma questão de responsabilidade social ou cumprimento de normas: é uma oportunidade de alcançar mais pessoas, melhorar a experiência do cliente e promover uma cultura organizacional mais inclusiva. Além disso, também é um importante diferencial competitivo. 

A acessibilidade deve estar presente desde o planejamento até a operação diária de uma empresa. Essa transformação exige ações em múltiplas frentes: infraestrutura, comunicação, atendimento, recursos humanos e tecnologia. A seguir, listamos boas práticas para empresas que desejam ser mais inclusivas: 

Adapte o espaço físico 

Garanta que o estabelecimento tenha rampas de acesso, portas largas, banheiros adaptados, sinalização tátil e visual, além de iluminação adequada. Mesas e balcões acessíveis também fazem diferença. A arquitetura inclusiva é o primeiro passo para acolher a todos com dignidade. 

Invista em acessibilidade digital 

Seu site ou app deve ser navegável por leitores de tela, ter contraste adequado, legendas em vídeos, botões acessíveis por teclado e descrições alternativas em imagens. Seguir diretrizes como o WCAG (Web Content Accessibility Guidelines) é fundamental para a inclusão online.  

Capacite a equipe 

Promova treinamentos sobre atendimento inclusivo, comunicação com pessoas com deficiência e uso de recursos assistivos. O acolhimento começa com a postura dos colaboradores e isso se constrói com informação e empatia. 

Revise seus processos e documentos 

Políticas internas, contratos, fichas e formulários devem estar acessíveis e compreensíveis. Evite jargões técnicos, ofereça versões em formatos alternativos e mantenha canais de atendimento inclusivos (como Libras ou chat por voz). 

Contrate com diversidade 

Valorize a inclusão na equipe. Além de cumprir cotas legais, incentive um ambiente de trabalho diverso, com ajustes razoáveis e oportunidades reais de crescimento para pessoas com deficiência. 

Conclusão 

Para muitas pessoas, a acessibilidade significou a transição de uma vida marcada pela dependência e pela invisibilidade para uma jornada de autonomia, protagonismo e pertencimento. Onde antes era necessário que familiares interpretassem diagnósticos ou traduzissem interações sociais, hoje há tecnologias que permitem que a própria pessoa surda compreenda e se comunique diretamente. O acesso à Libras, a presença de intérpretes e o uso de plataformas digitais inclusivas não apenas garantem direitos — eles resgatam histórias, talentos e contribuições que estavam silenciadas. A acessibilidade transforma vidas porque devolve o que é mais essencial: o direito de participar, de ser ouvido e de decidir sobre o próprio caminho. 

Este conteúdo foi enriquecido com a colaboração de Fábio de Sá, educador, especialista em Acessibilidade e Inclusão, formado em Letras/Libras, com pós-graduação em Artes. Com mais de 20 anos de experiência no ensino da Língua Brasileira de Sinais, Fábio atua também como produtor cultural e conselheiro artístico, integrando o time do ICOM na promoção de uma sociedade mais inclusiva, criativa e acessível para todos. 


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