As barreiras de acessibilidade muitas vezes são invisíveis para ouvintes e pessoas que não sofrem com nenhum tipo de deficiência. Contudo, se colocam de forma intransponível no cotidiano daqueles que mais precisam de acessibilidade para exercer a própria vida e cidadania.
São barreiras atitudinais, arquitetônicas e preconceitos que impedem diariamente que milhares de brasileiros possam viver uma rotina livre e independente. No país, atualmente, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) do IBGE, divulgada em 2023, pessoas com deficiência têm menor acesso à educação, ao trabalho e à renda.
Ao eliminar as barreiras de acessibilidade essa parcela significativa da população passa a ter acesso a qualificação, viabilizando que possam exercer profissões e consigam ter independência. Para auxiliar a sua empresa a ser mais acessível, trouxemos um panorama geral sobre o que são as barreiras citadas e como eliminá-las em seu negócio.
O que são barreiras de acessibilidade?
Podem ser definidas como barreiras de acessibilidade tudo aquilo que impede pessoas com deficiência de acessar um local, experiência ou até capacitação com autonomia. A falta de pessoas que dominem Libras, prédios sem acessibilidade arquitetônica, calçadas quebradas nas cidades, semáforos de trânsito sem alerta sonoro são apenas alguns exemplos.
Tendo em vista que, são barreiras que impedem as pessoas de usufruírem de um cotidiano autônomo, gerando a dependência de alguém que ouve, enxerga e não tem nenhuma deficiência para que possa intermediar a existência da pessoa deficiente, promovendo ganho de segurança.
Infelizmente existem milhares de barreiras de acessibilidade espalhadas em todas as cidades brasileiras. O que acaba impactando no acesso à educação, experiências, desenvolvimento social e profissional das pessoas com deficiência.
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Quantas são as barreiras de acessibilidade?
A Lei nº 13.146/2015 que é conhecida como LBI define seis tipos principais de barreiras de acessibilidade, que são:
- Urbanísticas;
- Atitudinais;
- Comunicacionais;
- Arquitetônicas;
- Tecnológicas;
- Barreira nos transportes.
Essas barreiras que abordaremos com mais detalhes a seguir, impedem a pessoa com deficiência de vivenciar uma experiência cotidiana de independência. Uma vez que, levam a situações nas quais a pessoa não consegue se locomover sozinha, concluir uma compra ou ter acesso a uma informação.
Diante disso, a legislação prevê multas e sanções para todas as empresas que não se adequarem às normas de acessibilidade. Portanto, é indispensável que negócios de todos os portes e segmentos se adequem, para que possam evitar riscos jurídicos e consigam desenvolver suas atividades diárias de modo respeitoso e acessível para toda a população.
Empresas que não são acessíveis estão descumprindo a Lei e estão sujeitas a multas significativas e outras sanções. Afinal, ser inacessível é uma forma de discriminar uma parcela da população.
Quais são os tipos de barreiras à acessibilidade?
Existem diferentes tipos de barreiras à acessibilidade que podem se impor no cotidiano das pessoas com deficiência, como são o caso das barreiras arquitetônicas, comunicacionais e atitudinais. Entenda mais detalhes a seguir:
1. Barreiras urbanísticas
Calçadas quebradas, semáforos sem alertas sonoros, falta de vagas acessíveis, ausência de rampas nas calçadas são apenas algumas das barreiras urbanísticas enfrentadas por pessoas deficientes que precisam circular nas grandes cidades brasileiras.
Essas barreiras que, em muitos casos, são invisíveis para as pessoas sem deficiência acabam impedindo a independência e dificultando a rotina daqueles que precisam das medidas de acessibilidade.
Ao eliminar as barreiras urbanísticas as cidades se tornam mais acolhedoras e beneficiam aqueles que dependem da acessibilidade para que possam transitar livremente pelas cidades brasileiras.
2. Barreiras atitudinais
Muitas vezes as atitudes das pessoas que não possuem deficiência são excludentes. O que desencadeia situações vexatórias para as pessoas com deficiência, mesmo que não tenha sido essa a intenção inicial das partes durante a interação.
Seja por falta de capacitação para lidar com pessoas deficientes ou por preconceitos da pessoa sem deficiência, suas atitudes acabam comprometendo a acessibilidade. Como é o caso de uma pessoa que se posiciona de forma que impede um surdo de visualizar o intérprete de Libras, por exemplo.
Não é raro que a pessoa que ouve faça essa movimentação física ou coloque uma aba sobre a janela de Libras sem perceber que está atrapalhando, o que acaba criando uma barreira que impede a plena participação da pessoa surda.
Com treinamento adequado é possível minimizar vieses inconscientes e oferecer orientação de qualidade para que as pessoas sem deficiência possam conviver harmonicamente com colegas deficientes, sejam eles surdos, mudos, cegos, deficientes físicos ou deficientes intelectuais.
3. Barreiras arquitetônicas
Talvez as barreiras arquitetônicas sejam as mais conhecidas, devido às regulamentações técnicas como a ABNT NBR 9050 que demandam a adaptação de espaços para que sejam acessíveis para pessoas com diferentes deficiências.
A adequação por meio da utilização de sinalização tátil, rampas de acesso, vagas especiais, caixas para atendimento prioritário e outras medidas são fundamentais para eliminar as barreiras arquitetônicas que impedem a livre circulação pelas cidades.
Muito embora as normativas orientem a conduta nas empresas, ainda há muito o que ser fiscalizado e melhorado, visando eliminar problemas de acessibilidade que tornam as cidades hostis para pessoas com deficiência. Afinal, o objetivo ao eliminar as barreiras é que essas pessoas possam circular de forma independente.
4. Barreiras comunicacionais
As barreiras comunicacionais impedem a interação entre pessoas surdas e ouvintes, dificultando a formação de vínculos sociais e a convivência em ambientes públicos e privados pelo desconhecimento de Libras.
A alfabetização de pessoas surdas em Libras como primeira língua e português escrito como segunda língua é uma das medidas que derruba esse tipo de barreira. Contudo, profissionais de todas as empresas que lidam com atendimento precisam ser treinados ao menos em nível básico de Libras para cumprir a legislação vigente.
De modo que, possam prestar atendimento eficiente para pessoas surdas. Além disso, é indispensável que as empresas utilizem tecnologias assistivas para integrar de fato os colaboradores surdos, cumprindo o que determina a Lei de Cotas.
5. Barreiras nos transportes
A dificuldade de acesso aos meios de transporte também é uma barreira que precisa ser eliminada do cotidiano nas cidades. Todos os ônibus precisam de elevadores funcionando para garantir que cadeirantes possam transitar de forma independente.
Assim como, as estações de transporte público precisam de rampas e elevadores em plenas condições de funcionamento para garantir acesso aos cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida.
O próprio envelhecimento da população desencadeia a necessidade de adoção de medidas como reserva de assentos em ônibus e elevadores em locais de grande circulação dada a perda de mobilidade com o passar dos anos.
6. Barreiras tecnológicas
São barreiras que impedem o acesso a internet e tecnologia em geral. Como é o caso de sites que não usam o contraste adequado entre o fundo e a letra, não estão preparados para leitores de tela e não seguem os princípios WCAG.
Essas páginas são excludentes e dificultam que uma pessoa com deficiência se conecte com a marca e se torne uma consumidora fiel. O que prejudica não só a experiência do potencial cliente, como também é ruim para a imagem da marca.
A adaptação tecnológica é fundamental para que o site seja acessível em todas as telas e compatível com tecnologias assistivas para que todos possam navegar na página de forma independente.
Como eliminar as barreiras de acessibilidade?
É preciso compreender a complexidade do processo e planejar treinamentos, adequações ambientais e uma série de medidas para eliminar as barreiras de acessibilidade, compreenda como fazê-lo:
1. Comece por um panorama da situação atual
Antes de mais nada, é necessário identificar qual é a situação atual em seu negócio, com o intuito de identificar as barreiras que precisam ser eliminadas. Não é raro que a empresa necessite atuar em diferentes frentes, fazendo reformas, treinamentos e ajustes.
Somente com um panorama detalhado será possível identificar quais são os pontos críticos e o que deve ser melhorado de forma urgente para reduzir riscos de sofrer multas por falta de acessibilidade.
Além disso, com o overview da situação real da empresa é possível perceber quanto será necessário investir de capital e tempo para que a organização se torne verdadeiramente acessível.
2. Defina prioridades para eliminar as barreiras mais excludentes
Ciente de quais são as barreiras em seu negócio, é indispensável definir as principais prioridades para atuar na correção dos problemas listados.
Em muitos casos, existem recursos gratuitos disponíveis para utilizar e tornar a empresa mais acessível, como uma atualização no site incluindo softwares para ler a tela, por exemplo.
Portanto, múltiplas medidas podem ser adotadas mesmo quando a empresa está com o orçamento limitado. Basta entender qual é a limitação atual, procurar soluções criativas e buscar otimizar os recursos para que possa atuar em múltiplas frentes tornando a organização mais acessível.
3. Ofereça treinamento para sua equipe
Toda a equipe precisa ser treinada para que as barreiras atitudinais possam ser eliminadas e os colaboradores estejam aptos para lidar com a integração de colegas deficientes na equipe, bem como, consigam atender clientes deficientes.
Em muitos casos, os vieses inconscientes existem por preconceitos que se manifestam por meio de atitudes. Somente com treinamento e sensibilização será possível reverter o quadro, tornando a equipe mais acolhedora e capacitada para lidar com colegas e clientes.
O treinamento deve ser contínuo por meio de palestras e orientações que visam promover um ambiente laboral saudável, em que todos são aceitos e percebidos por suas capacidades e não por suas limitações.
4. Monitore o progresso e aperfeiçoe continuamente
Monitore e aperfeiçoe continuamente a sua equipe e empresa. É indispensável mapear a acessibilidade como um dos riscos do negócio. Afinal, quando a organização não investe em acessibilidade está exposta ao risco de ser multada.
Além disso, a empresa não é capaz de reter talentos diversos e pode ter problemas para alcançar uma fatia de mercado que está pronta para consumir os produtos ou serviços.
Quando a marca aperfeiçoa continuamente seus processos, é natural que a comunidade surda e pessoas com outras deficiências se conectem com os produtos e serviços e consumam as soluções oferecidas pela empresa.
Conclusão
Eliminar as barreiras de acessibilidade vai além de buscar a conformidade legal. É uma medida essencial para tornar o ambiente laboral mais saudável e desenvolver boas relações na organização, incluindo verdadeiramente os colaboradores e clientes com deficiência.
Existem muitas barreiras que podem ser eliminadas no cotidiano de seu negócio com medidas simples, que requerem sensibilização e adequação.
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Especialista em Acessibilidade, ICOM
