A acessibilidade digital para surdos deixou de ser um diferencial e se tornou uma obrigação ética, legal e estratégica para qualquer marca que atua online. Mais do que legendas automáticas ou ícones de Libras espalhados pelo site, estamos falando de criar experiências digitais realmente inclusivas, pensadas desde o design até os testes com usuários surdos.
Neste conteúdo, você vai entender por que a acessibilidade digital para surdos impacta diretamente a experiência do usuário, o ranqueamento no Google e a reputação da sua empresa, além de conhecer boas práticas baseadas em diretrizes como as WCAG e na legislação brasileira.
Ao longo do texto, trago mais detalhes sobre acessibilidade e inclusão, além de referências técnicas que ajudam a transformar sua presença digital. Se o seu objetivo é alinhar sua presença digital às melhores práticas de acessibilidade e, ao mesmo tempo, fortalecer a confiança do público na sua marca, entender a fundo a acessibilidade digital para surdos é o primeiro passo.
O que é acessibilidade digital para surdos?
Acessibilidade digital para surdos é o conjunto de recursos, práticas e adaptações que permitem que pessoas com deficiência auditiva possam compreender, interagir e consumir conteúdos em ambientes digitais com autonomia e igualdade.
Na prática, isso significa remover barreiras sonoras e oferecer alternativas visuais ou textuais em sites, aplicativos, vídeos, plataformas de ensino, redes sociais e sistemas digitais.
Utilizando recursos que garantem a acessibilidade, é possível promover a inclusão e o respeito aos direitos humanos dos usuários surdos em seu site. Além de contribuir para que a empresa alcance esse público, que muitas vezes é ignorado pelas organizações.
Promovendo uma experiência de usuário completa e marcada pela autonomia, é natural encantar e fidelizar o público surdo, o que contribui para que sua empresa possa ser mais competitiva em seu mercado de atuação.
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Quais Leis falam sobre a acessibilidade digital para surdos?
No Brasil, diferentes legislações impactam as condutas que precisam ser adotadas por empresas visando promover a acessibilidade digital e física. Compreenda mais detalhes:
1. Lei n° 13.146/2015 – Lei Brasileira de Inclusão
Também conhecida como LBI, a Lei nº 13.146/2015 ou Estatuto da Pessoa com Deficiência, garante a inclusão social e cidadania. O Artigo 63 exige que sites de órgãos governamentais e empresas com sede no Brasil sejam acessíveis para pessoas com deficiência.
O que não se limita meramente à estrutura física da empresa, incluindo também a comunicação. Afinal, uma organização com rampas, banheiros acessíveis e sem um atendente preparado para lidar com pessoas com deficiência não é verdadeiramente acessível.
Segundo a Lei, sites, aplicativos, portais e serviços digitais devem ser acessíveis. A comunicação deve ser oferecida em formato acessível para pessoas com deficiência sensorial, incluindo surdez.
Empresas que não cumprem a LBI estão sujeitas à multas e sanções, de acordo com o porte da organização. É possível que a empresa seja autuada e até mesmo interditada, impedindo o funcionamento até sua regularização.
Cada caso é analisado individualmente de acordo com o impacto que o descumprimento gera na sociedade. Afinal, em alguns casos há crime de descriminação contra candidatos surdos em processos seletivos, por exemplo, gerando denúncia e fiscalização.
Enquanto em outros casos a fiscalização ocorre sem uma denúncia prévia, o que também impacta na sanção que será aplicada ao negócio flagrado em ilegalidade.
2. Lei n° 10.098/2000
A Lei nº 10.098/2000 estabelece normas para promover a acessibilidade, deixando claro quais são os critérios básicos que toda organização deve seguir para que seja inclusiva para pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida.
A legislação determina ainda que órgãos públicos e privados adotem medidas que eliminem barreiras arquitetônicas, urbanísticas, de transporte e de comunicação, incluindo barreiras digitais.
Para tal, a lei exige adaptações em prédios, transportes, serviços e meios de comunicação, garantindo que todos possam acessar informações, espaços e serviços de forma segura e autônoma.
Além disso, define que o poder público deve criar programas, regulamentos e normas técnicas para orientar a implementação da acessibilidade em todo o país.
3. Lei n° 10.436/2002
Por meio da publicação da Lei nº 10.436/2002 houve o reconhecimento da Libras (Língua Brasileira de Sinais) como meio legal de comunicação e expressão da comunidade surda.
A legislação também determina que o poder público apoie o uso e a difusão da Libras, garantindo sua inclusão em sistemas educacionais, serviços públicos e programas de acessibilidade. A lei também estabelece que Libras deve ser usada para promover a inclusão social e comunicacional da comunidade surda, respeitando seus aspectos linguísticos e culturais.
4. Lei n° 12.527/2011
A Lei nº 12.527/2011, também conhecida como Lei de Acesso à Informação (LAI), garante que qualquer pessoa possa obter informações públicas de forma clara e transparente.
Em seu Artigo 8º, a lei determina que essas informações devem ser disponibilizadas em formatos acessíveis, o que inclui recursos que permitam o acesso por pessoas com deficiência.
Isso significa que sites, portais e canais digitais do governo precisam adotar padrões de acessibilidade, como alternativas textuais, navegação facilitada e conteúdo compreensível, assegurando que todos possam acessar serviços e dados públicos sem barreiras.
5. Lei n° 12.319/2010
A Lei nº 12.319/2010 regulamenta a profissão de Tradutor e Intérprete da Língua Brasileira de Sinais (Libras) no Brasil.
Ela define as atribuições desses profissionais, estabelece requisitos para atuação como formação específica e determina que eles podem trabalhar em ambientes educacionais, serviços públicos, eventos, instituições privadas e demais espaços onde seja necessário garantir comunicação acessível para pessoas surdas.
Portanto, a lei reconhece a importância do intérprete como mediador linguístico e assegura mais qualidade e profissionalização na oferta de acessibilidade em Libras.
Qual a importância da acessibilidade digital para surdos?
Muito mais que meramente seguir legislações ou atuar com o objetivo de vender mais, a acessibilidade digital para surdos é importante uma série de fatores, como:
1. Assegura o direito à informação
Pessoas surdas têm o direito constitucional de acessar conteúdos de forma compreensível. Recursos como legendas, Libras e transcrições garantem que vídeos, cursos, sites e serviços não excluam esse público.
Sites que garantem acesso à informação proporcionam autonomia e segurança para que a pessoa possa acompanhar notícias, realizar compras e interagir com o mundo de forma independente.
2. Amplia as possibilidades de capacitação
Aulas, materiais didáticos, vídeos e plataformas EAD se tornam inclusivos quando oferecem recursos acessíveis não apenas para a comunidade surda, como também para alunos cegos, mudos e com outras deficiências.
O que é extremamente relevante do ponto de vista social, dado que segundo dados divulgados pelo IBGE, apenas 25,2% das pessoas com deficiência alcançaram o ensino médio.
3. Abre portas para a real inclusão
Graças à acessibilidade digital, as pessoas surdas conseguem usufruir de ensino EAD, com o intuito de avançarem em sua jornada de aprendizado, usufruindo da real acessibilidade.
Além disso, com tecnologias assistivas digitais é possível usar softwares para interagir com pessoas ouvintes que não dominam Libras. O que amplia a oportunidade de construir contatos, fazer amigos e se desenvolver.
4. Reduz barreiras e aumenta a autonomia
A acessibilidade permite que as pessoas surdas naveguem sem depender de terceiros, possibilitando que tomem decisões bem-informadas e com autonomia e segurança.
Aspecto que é fundamental para o fortalecimento da própria autoestima e até mesmo para que possa vivenciar plenamente a sua individualidade e encontrar a sua própria voz.
Como a tecnologia pode ajudar as pessoas com deficiência auditiva?
A tecnologia pode ajudar de diferentes formas, proporcionando uma nova experiência de comunicação e acesso à informação em processos mais inclusivos e eficientes. Hoje, ferramentas como aparelhos auditivos e implantes cocleares conectados a smartphones ampliam a percepção sonora e facilitam atividades do dia a dia para pessoas com perda auditiva.
Para aqueles que são surdos, os aplicativos de reconhecimento de voz convertem fala em texto em tempo real, permitindo que pessoas surdas acompanhem reuniões, consultas, aulas e conversas presenciais com muito mais autonomia quando são alfabetizados em português como segunda língua.
Além disso, sistemas de legendas automáticas e transcrições em vídeos, plataformas de ensino e redes sociais tornam o conteúdo audiovisual acessível, eliminando barreiras no ambiente digital.
Outro grande diferencial é que a tecnologia também avança na interpretação de Libras, com avatares e soluções baseadas em inteligência artificial que traduzem sinais e auxiliam na comunicação entre surdos e ouvintes.
Juntos, esses recursos ampliam a inclusão social, fortalecem a independência e garantem que pessoas com deficiência auditiva participem plenamente da vida educacional, profissional e digital.
Quais são as tecnologias digitais acessíveis para surdos?
As tecnologias digitais acessíveis para surdos desempenham um papel essencial na inclusão e na autonomia de pessoas com deficiência auditiva, permitindo que elas consumam conteúdos de diferentes formatos e utilizem serviços online sem barreiras.
Entre as principais ferramentas estão as legendas em vídeos, a tradução em Libras, a transcrição de áudios e os alertas visuais, entenda mais detalhes:
Legendas em vídeos
As legendas em vídeos são uma das soluções mais difundidas e indispensáveis. Elas convertem o conteúdo falado em texto, permitindo que pessoas surdas ou com perda auditiva compreendam diálogos, narrações e sons relevantes.
Além de facilitar o entendimento, as legendas são úteis em aulas, treinamentos, filmes, séries, reuniões online e redes sociais, garantindo igualdade de acesso à informação audiovisual.
Empresas que almejam promover a real inclusão devem adotar legendas em vídeos institucionais em seu site, bem como, em todos os vídeos produzidos para a divulgação de informações e conexão com o público da marca.
Outro cuidado relevante é que os vídeos usados internamente, seja para informar novidades ou treinamentos também devem ser legendados para que os colaboradores surdos ou com baixa audição sejam incluídos.
Tradução em Libras
A tradução em Libras, seja por meio de intérpretes humanos ou de tecnologias com avatares e inteligência artificial, é fundamental para quem tem a Língua Brasileira de Sinais como primeira língua.
Como Libras possui estrutura própria e distinta do português, a presença de uma janela de interpretação facilita a compreensão do conteúdo e assegura que mensagens complexas sejam transmitidas de forma clara.
Transcrição de áudios
A transcrição de áudios também é uma ferramenta poderosa, convertendo arquivos sonoros e falas em texto completo. Essa tecnologia é especialmente útil em podcasts, entrevistas, aulas gravadas, reuniões e comunicações institucionais.
Por meio da transcrição, o conteúdo se torna acessível não apenas para surdos, mas também para pessoas com diferentes estilos de aprendizagem e para quem prefere consumir informações de forma visual.
Alertas visuais
Os alertas visuais substituem ou complementam sinais sonoros que muitas vezes passam despercebidos por pessoas com deficiência auditiva. Esses alertas podem aparecer na forma de luzes, vibrações no celular, notificações visuais na tela ou ícones animados, garantindo que o usuário perceba avisos, chamadas, mensagens importantes ou eventos em plataformas digitais.
Juntas, essas tecnologias representam avanços indispensáveis para a acessibilidade digital, promovendo participação plena, autonomia e inclusão em ambientes online.
Qual é um exemplo de acessibilidade digital?
Um exemplo claro de acessibilidade digital é a presença de legendas ocultas (closed caption) em vídeos publicados em plataformas como YouTube, Instagram, TikTok ou em aulas online.
Essas legendas permitem que pessoas surdas compreendam todo o conteúdo falado, incluindo diálogos, narrações e até sons relevantes, garantindo igualdade de acesso à informação audiovisual.
Além das redes sociais, empresas de diferentes setores se adaptam para cumprir a legislação brasileira e promover acessibilidade, como é o caso da Netflix que tem uma aba de “audiodescrição em português”, o que garante acessibilidade ao catálogo de filmes e séries para pessoas cegas.
Portanto, a acessibilidade digital vai além de um movimento para incluir as pessoas surdas. Na prática, é uma medida que visa tornar o conteúdo online acessível a todos, promovendo a equidade.
Conclusão
Promover a acessibilidade digital para surdos vai além de uma medida visando alcançar uma fatia expressiva do público em todo o território nacional. É uma conduta que visa incluir, capacitar e abrir portas para que a pessoa surda possa se desenvolver e ter autonomia.
Seja para efetuar compras em um e-commerce, assistir uma aula EAD ou se divertir, é fundamental garantir a acessibilidade digital, promovendo um ambiente em que todos possam exercer a própria cidadania.
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Especialista em Acessibilidade, ICOM
