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Entender o que é CODA vai muito além de decifrar a sigla Child of Deaf Adults, que em português é traduzido como filho de pais surdos. Quem realmente tem o entendimento do termo compreende as dificuldades e desafios que essas crianças ouvintes vivenciam na comunicação diária com seus pais e desenvolvimento social, realidade destacada também pelo Relatório Mundial sobre Audição da OMS.

Nascer ouvinte e filho de pais surdos proporciona experiências de vida únicas, mesclando a necessidade de se adaptar ao mundo ouvinte e manter laços de comunicação com pais surdos. Portanto, a rotina da criança CODA vai muito além de aprender o português no colégio, como ocorre com todos durante a infância. 

Uma criança filha de pais surdos precisa desenvolver também outras formas de comunicação para manter os laços familiares. E é justamente por isso que trouxemos mais detalhes sobre esse grupo que experimenta em sua vida um desenvolvimento único.

O que significa o termo CODA?

Como dito anteriormente, o termo CODA se refere à Children of Deaf Adults, que significa filhos de pais surdos. Ele é usado para se referir a pessoas ouvintes que crescem em lares onde um ou ambos os pais são surdos.

Inclusive, recentemente o termo inspirou o nome do filme “CODA”, que marcou a história da comunidade surda ao ganhar o Oscar de Melhor Filme em 2022. A narrativa trouxe atenção para essa realidade, que é comum em milhares de lares ao redor do mundo e para a qual muitas pessoas não se atentam.

Outro destaque trazido pelo filme é que ele garantiu a estatueta de Melhor Ator Coadjuvante para Troy Kotsur, que se tornou o primeiro ator surdo a receber o prêmio. Portanto, foi uma obra extremamente relevante para a cultura surda, trazendo visibilidade para um tema sensível e marcando a história.

O que significa ser um filho CODA?

De modo geral, ser um filho CODA consiste em viver entre dois mundos linguísticos e com culturas diferentes. Afinal, a criança se desenvolve fazendo parte da comunidade surda, aprendendo a se comunicar com seus pais por meio da Língua de Sinais e outras formas de comunicação.

Ao ser inserida na escola e convívio com outras pessoas ouvintes, a criança desenvolve a comunicação oral e escrita, pertencendo também à cultura ouvinte.

Portanto, é uma criança que também poderá atuar como ponte de comunicação para seus pais, contribuindo para a interpretação de situações cotidianas e inclusão de seus parentes na cultura ouvinte.

Qual a importância da CODA na comunidade surda?

Os CODAs têm um papel fundamental na comunidade surda, por uma série de fatores, que envolvem:

Portanto, são crianças que se desenvolvem e impactam a comunidade surda, trazendo maior visibilidade para essa parcela significativa da população. Como é o caso justamente do filme CODA que movimentou a cultura ouvinte e trouxe visibilidade para um tema que muitas pessoas ignoram em suas rotinas por falta de conhecimento sobre o tema.

Quais desafios os CODAS enfrentam?

Os filhos de pais surdos passam por desafios únicos, especialmente no campo emocional e social. Afinal, são pessoas que se desenvolvem entre dois mundos muito diferentes e vivenciam experiências como a dificuldade de inserção de seus pais na sociedade, por isso, enfrentam desafios como:

Portanto, é um desenvolvimento diferente daquele vivenciado por crianças que nascem filhos de pais ouvintes. O que faz com que seja relevante que a sociedade esteja atenta e dê o devido suporte às crianças CODAS.

Como é a infância de uma criança CODA?

Diferentemente do desenvolvimento de uma criança filha de pais ouvintes, a criança CODA tem a infância marcada por uma vivência singular, repleta de afetividade, aprendizado precoce e, muitas vezes, responsabilidades acima da média para sua idade. Desde os primeiros anos de vida, essas crianças convivem em um ambiente bilíngue e bicultural, no qual a Língua de Sinais e o português falado coexistem diariamente.

Portanto, essa experiência singular molda não apenas sua forma de comunicação, mas também sua identidade e visão de mundo. É comum que em casa o uso de Língua Brasileira de Sinais (Libras) seja o primeiro idioma com o qual a criança tem contato. Por isso, ela aprende a se expressar visualmente, compreendendo precocemente a importância da comunicação gestual, muitas vezes, antes mesmo de dominar a fala.

Fora de casa, o português oral se torna dominante, o que faz com que a criança transite constantemente entre dois universos linguísticos. Esse bilinguismo natural é uma das marcas mais ricas e desafiadoras da vida CODA.

Outro ponto interessante é que junto com a riqueza cultural surgem as já citadas responsabilidades precoces. Afinal, as crianças acabam assumindo o papel de intérpretes para seus pais em situações cotidianas, como consultas médicas, idas a bancos e outros locais.

Esse papel, embora demonstre maturidade e empatia, pode gerar carga emocional e cognitiva elevada, pois coloca a criança em contextos para os quais ela ainda não está emocionalmente preparada, o que desencadeia o amadurecimento acelerado.

A socialização também pode apresentar desafios. Crianças CODA às vezes se sentem “diferentes” das demais, especialmente quando percebem que seus colegas não compartilham a mesma realidade familiar. Isso pode gerar sentimentos de isolamento, confusão de identidade ou até vergonha momentânea.

Qual o papel da sociedade com a comunidade CODA?

A sociedade tem um papel essencial na inclusão, valorização e proteção das crianças CODA. Por isso, é importante que a sociedade reconheça a vivência de um filho de pais surdos, com o intuito de entender e respeitar a singularidade da experiência que cada criança filha de pais surdos vivencia.

Por meio da consciência e sensibilização de que a criança vive entre duas culturas é possível compreender que vivencia experiências únicas que implica em desafios linguísticos, emocionais e identitários.

Uma medida útil é difundir informações sobre o que significa ser CODA, valorizando a diversidade a cultura surda por meio de campanhas educativas, eventos culturais e conteúdos escolares, contribuindo para trazer visibilidade positiva.

Outro passo que é fundamental é a adoção de políticas públicas para garantir que as famílias surdas não dependam somente dos filhos para que consigam se comunicar. Para tal, é interessante ampliar o acesso a intérpretes de Libras em escolas, hospitais, repartições públicas e ambientes de trabalho.

Além de incluir conteúdos sobre cultura surda e bilinguismo nos currículos escolares, promovendo uma educação mais inclusiva e empática. No mais, é relevante investir na formação de profissionais bilíngues como educadores, psicólogos e assistentes sociais que devem ser preparados para atuar com famílias surdas.

Ao promover espaços de acolhimento e diálogo, é possível evitar que os filhos CODA se sintam isolados socialmente e pressionados a incluir os pais de alguma forma, visando combater o preconceito e barreiras de comunicação. O papel social de cada um é ser ponte de empatia.

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Como apoiar crianças e jovens CODA?

Apoiar crianças e jovens CODA significa oferecer condições para que eles cresçam emocionalmente saudáveis, linguisticamente competentes e socialmente incluídos. Esse apoio deve vir de diferentes esferas como a família, escola e sociedade civil. Para tal, é necessário reconhecer e valorizar a identidade CODA, evitar a sobrecarga e adotar algumas medidas como:

1.      Reconhecer a valorizar a identidade CODA

Por meio de iniciativas educacionais, é possível desenvolver ações que promovam o orgulho da origem e da cultura familiar. A valorização da Libras e da comunidade surda fortalece a autoestima e contribui para minimizar os conflitos identitários.

O reconhecimento e valorização começa em casa, incentivando as crianças a se expressar usando a voz e os sinais e reforçando a relevância do bilinguismo. E nas escolas, os professores devem ser incentivados a compreender os aspectos da cultura surda para que possam incluir os alunos CODA.

2.      Reduzir a carga emocional e de responsabilidades

A presença de intérpretes profissionais em instituições públicas ajuda a evitar que a criança tenha a obrigação de atuar como intérprete dos pais em situações como idas a bancos e outras instituições.

Além disso, as famílias devem ser orientadas a não colocar as crianças como mediadoras em todos os contextos, visando preservar o espaço de desenvolvimento infantil. Afinal, ser intérprete em todos os contextos pode se tornar emocionalmente cansativo.

3.      Promover apoio psicológico e educacional  

O suporte emocional durante o desenvolvimento infantil é essencial. Por isso, pedagogos e psicólogos bilíngues são importantes para auxiliar no desenvolvimento infantil.

Ter como suporte um grupo de apoio CODA pode fazer toda a diferença na história de desenvolvimento da criança, que passa a contar com um espaço seguro para a troca de experiências e fortalecimento da sensação de pertencimento.

4.      Fortalecimento da rede de apoio

Contar com uma rede de apoio que promove a convivência entre famílias com crianças CODAS faz toda a diferença para a formação de vínculos e sensação de pertencimento.

Mesmo que esse ambiente seja criado de forma virtual, é importante construir essa rede de apoio, na qual a criança possa identificar que ela não é a única no mundo que experimenta a condição de ser filha ouvinte de pais surdos.

Conclusão

Agora que sabe o que é CODA e a importância de apoiar uma criança ou jovem que vive essa realidade, difunda essa informação! Respeitar a trajetória da criança, reconhecer a relevância de seu papel entre duas culturas e promover o acolhimento por meio de uma educação inclusiva e empatia social é fundamental para construir uma sociedade verdadeiramente melhor.

Deixar de olhar para essas crianças e jovens com o viés da diferença e observar a riqueza e diversidade cultural que eles vivenciam diariamente é um passo fundamental para a quebra de tabus e preconceitos.

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Especialista em Acessibilidade, ICOM

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