A Libras tem um papel fundamental para a inclusão no Brasil. Segundo o IBGE, existem 10 milhões de pessoas com algum grau de deficiência auditiva no país, o que equivale a 5% da população. Sendo a língua de sinais o principal meio de comunicação dessa comunidade.

Contudo, a acessibilidade para surdos ainda é limitada em muitos espaços, sobretudo nas empresas. A falta de informação e de recursos adequados cria barreiras que afastam tanto profissionais como clientes.

Neste artigo, você vai conhecer a origem da Libras, suas principais características, a legislação relacionada e muito mais.

Continue a leitura e descubra como aplicar a língua de sinais pode tornar sua empresa mais acolhedora e inclusiva!

O que é Libras?

Libras é a sigla para Língua Brasileira de Sinais, que é uma comunicação não verbal desenvolvida para surdos.

Diferente de uma simples linguagem gestual, Libras é uma língua completa. Ela possui gramática, sintaxe e morfologia próprias, permitindo transmitir até ideias complexas.

Ao contrário do que muitos pensam, a língua de sinais não se resume à gesticulação feita com as mãos.

Expressões faciais e movimentos corporais são igualmente fundamentais para garantir que a mensagem seja compreendida corretamente.

Essa riqueza comunicativa faz com que Libras não seja apenas uma ferramenta de expressão, mas um meio essencial para a inclusão social.

Ela possibilita a participação plena dos surdos na sociedade. Na escola, no trabalho ou em momentos de lazer, por exemplo. Desde que os ambientes estejam preparados para recebê-los.

Qual a origem da Língua Brasileira de Sinais?

A Língua Brasileira de Sinais surgiu no século XIX, a partir de uma combinação de influências, incluindo a LSF (Língua de Sinais Francesa).

Ela se inspirou nos métodos de comunicação para não ouvintes criados pelos franceses no final do século XVIII, mas também incorporou sinais já usados por comunidades surdas brasileiras, formando uma língua única e própria.

Em 1857, Ernest Huet, professor francês e surdo, veio ao Brasil a convite de Dom Pedro II e fundou a primeira escola para surdos no país, conhecida hoje como Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES).

Mesmo com a iniciativa, a utilização consistente da língua de sinais no país demorou a acontecer. Sobretudo por conta do Congresso de Milão em 1880, que determinou que a leitura labial era a melhor forma de comunicação.

Ou seja, o oralismo se tornou o meio de comunicação oficial no Instituto e nas demais escolas para pessoas surdas no Brasil.

no fim do século XX a língua de sinais voltou a ganhar força e reconhecimento, promovendo a inclusão da comunidade surda.

O que diz a Lei das Libras?

Na década de 80, surgiram alguns grupos solicitando medidas inclusivas aos surdos. Eles eram compostos pelos próprios deficientes auditivos, familiares e defensores da causa.

O movimento social contribuiu para que, posteriormente, a Constituição Federal de 1988 reconhecesse o direito à educação e ao atendimento educacional especializado para a comunidade surda.

Além disso, influenciou no reconhecimento da Língua Brasileira de Sinais como língua oficial no Brasil, junto ao português, o que aconteceu em 2002 com a Lei nº 10.436/2002.

A legislação não só tornou a Libras uma forma de expressão legal, como também estabeleceu sua obrigatoriedade na disciplina de cursos de formação de professores e fonoaudiologia.

Também determinou a presença de tradutores e intérpretes em serviços públicos e instituições de ensino

Existem outras leis que representam conquistas importantes à comunidade surda, como:

  • Lei da Acessibilidade (Lei nº 10.098/2000): normas e critérios que promovem a acessibilidade de pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida, como remoção de barreiras arquitetônicas, de transporte e de comunicação;
  • Lei da Profissão e Intérprete da Língua de Sinais (Lei nº 12.319/2010): regulamenta o exercício da profissão de tradutor, intérprete e guia-intérprete da Libras, com diretrizes para a formação e atuação;
  • Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015): garante o direito à educação, utilização de serviços públicos e até oportunidades de trabalho adaptadas às condições de pessoas com deficiência.

Como funciona a comunicação em Libras?

A Libras é uma língua de modalidade visual-gestual. Isso significa que, em vez da fala, ela se baseia na visão e no espaço para transmitir mensagens.

As mãos, o corpo e as expressões faciais fazem parte essencial da comunicação. Não são apenas complementos, mas elementos da própria gramática.

Qual a estrutura da Libras?

A Língua de Sinais Brasileira tem regras linguísticas próprias. Na fonologia, por exemplo, os sinais se formam a partir de cinco parâmetros

  • formato da mão;
  • movimento; 
  • ponto de articulação; 
  • orientação da palma; e 
  • expressões faciais.

Alterar qualquer um desses parâmetros pode resultar em um sinal diferente. Assim, funciona de forma parecida aos fonemas nas línguas orais para distinguir significados.

Na sintaxe, a ordem das palavras não segue a do português. A estrutura das frases é diferente, como Sujeito-Verbo-Objeto (SVO) ou outras ordens como SOV ou OVS.

Portanto, a Libras deve ser entendida como uma língua completa, não como uma adaptação da língua portuguesa.

Como é o alfabeto em Libras?

O alfabeto em Libras, ou alfabeto manual, existe para soletrar palavras que não têm um sinal específico, como:

  • nomes próprios;
  • lugares;
  • marcas;
  • termos técnicos.

Ele também serve para esclarecer sinais que podem ser confundidos, soletrar siglas e facilitar a comunicação quando determinado sinal não é conhecido por alguém na conversa.

Além disso, é uma ferramenta fundamental ao aprendizado de iniciantes, ajudando a desenvolver uma base para a comunicação na língua de sinais.

Confira o alfabeto completo:

(Desenho com os sinais de libras que representam as 26 letras do alfabeto na língua portuguesa)

Como são os números em Libras?

Os números em Libras são representados de forma visual e aparecem em vários contextos do dia a dia, como quantidades, horas, datas, valores e idades. Também podem ser usados para documentos e registros oficiais.

A diferenciação acontece por meio de configurações de mãos e movimentos específicos, que indicam se o número é cardinal (quantidade), ordinal (ordem) ou monetário. Entenda:

(Figuras mostrando a diferença entre sinais de libras de números cardinais, ordinais e monetário)

Quais são os principais sinais em Libras?

Há uma ampla variedade de sinais em Libras, pois a língua possui uma estrutura gramatical capaz de expressar ideias e emoções de diferentes níveis de complexidade.

Para quem está iniciando, alguns sinais se destacam por serem mais úteis no dia a dia. Eles estão ligados a cumprimentos, apresentações e necessidades básicas. Veja:

(Desenhos de pessoas fazendo diferentes sinais de libras para cumprimentar alguém)

(Representação visual de sinais de libras para algumas necessidades básicas)

Como aprender Libras?

Para aprender Libras, é possível seguir diferentes caminhos. Cada uma contribui de maneira diferente para o desenvolvimento da fluência e para a compreensão da cultura surda.

  • Comunidade surda: o contato direto é a forma mais rica de aprendizado. A vivência prática permite compreender expressões, contextos e aspectos culturais que não estão em livros ou aulas formais;
  • Livros: materiais teóricos, como gramáticas e manuais, ajudam a entender a estrutura da língua. São um recurso importante para consolidar a base do aprendizado;
  • Atividades: dinâmicas em grupo, jogos e exercícios de interação ajudam a fixar os sinais e desenvolver a comunicação de forma mais natural;
  • Dicionário: disponível em versões impressas e online, o dicionário auxilia na consulta rápida de sinais. É um recurso útil para ampliar o vocabulário e reforçar a prática;
  • Cursos: oferecidos por universidades, institutos e escolas especializadas, os cursos apresentam formação estruturada, com acompanhamento de instrutores e atividades práticas.

Provavelmente você está se perguntando: “Para oferecer acessibilidade a pessoas surdas, todos na minha empresa precisam dominar Libras?” A resposta é: não necessariamente.

Basta contar com o ICOM, que oferece intérpretes em tempo real. Assim, colaboradores surdos conseguem compreender tudo o que é dito e serem compreendidos por colegas e líderes. Conheça a plataforma agora mesmo!

Qual o mito mais comum sobre a Língua Brasileira de Sinais?

Por mais que seja reconhecida oficialmente como língua, a Libras ainda é cercada de equívocos que geram preconceitos e dificultam a inclusão. Entre os mais comuns estão:

  1. A Libras é universal”: falso. Cada país possui a sua própria língua de sinais, com estrutura e sinais diferentes;
  2. “A Libras é apenas mímica”: engano comum. Trata-se de uma língua completa, com gramática, sintaxe e morfologia próprias;
  3. “Todas as pessoas surdas sabem ler português”: incorreto. O aprendizado da língua escrita é um processo distinto da aquisição da Libras;
  4. “Aprender Libras é fácil porque é só decorar sinais”: na realidade, exige prática, contato cultural e estudo contínuo para alcançar fluência;
  5. “Só pessoas surdas usam Libras”: na prática, familiares, intérpretes, profissionais de educação e colegas de trabalho também podem aprender a língua para promover inclusão.

Conclusão

Por fim, a Libras não é apenas um recurso de apoio, mas um direito linguístico da comunidade surda.

No ambiente corporativo, reconhecer sua importância significa promover acessibilidade e acolher profissionais e clientes com dificuldade auditiva.

Investir em soluções como o ICOM, plataforma de tradução simultânea de Libras, é essencial para isso.

A partir de videochamadas com intérpretes em tempo real, colaboradores surdos participam de entrevistas, reuniões e treinamentos sem limitações.

Agende um teste gratuito e descubra como tornar sua empresa mais inclusiva para surdos de maneira prática!

Perguntas frequentes sobre Libras

Libras é uma língua ou linguagem?

A Libras é uma língua completa, com gramática, sintaxe e morfologia próprias. Diferente do conceito amplo de linguagem, que inclui qualquer forma de comunicação, uma língua estruturada permite expressar ideias complexas, opiniões e emoções, garantindo comunicação plena entre seus usuários.

Como se diz eu te amo em Libras?

O sinal de “eu te amo” na Libras é formado combinando os gestos das letras “I”, “L” e “Y” com a mão. Os dedos polegar, indicador e mínimo ficam esticados, enquanto os outros dois ficam encolhidos. Esse sinal tem origem na Língua Americana de Sinais (ASL) e representa as iniciais da frase “I love you”.

A Libras possui regionalismos?

Sim, a Libras apresenta variações regionais que podem ser comparadas a sotaques em línguas faladas. Alguns sinais mudam de uma região para outra, mas mantêm o mesmo significado, refletindo a riqueza cultural e a diversidade da comunidade surda no Brasil.

Qual é a língua de sinais é considerada universal?

Não existe uma língua de sinais universal. Cada país possui sua própria língua de sinais, com estrutura e regras próprias, como a Libras no Brasil, a ASL nos Estados Unidos e a (LSF) na França.

O que quer dizer 🤟 em Libras?

Quer dizer “eu te amo” em Libras.

Qual a diferença entre Libras e datilologia?

Libras é uma língua completa, com gramática e vocabulário próprios. Já a datilologia, ou alfabeto manual, não é uma língua. Ela é apenas um recurso usado dentro da Libras. Serve para soletrar palavras do português, como nomes, siglas ou termos técnicos que não têm sinal específico.

outros posts

Solicite uma demonstração agora

Cadastre-se para receber a versão demo do app do ICOM

Nossa localização

Rua Serra de Botucatu, 1197  Tatuapé – 03317-001
São Paulo/SP

Contato

(11) 2360-8900

Fale com a gente

contato-icom@ame-sp.org.br

Baixe o app