A deficiência sensorial é uma condição que afeta diretamente a capacidade de uma pessoa de lidar com a percepção auditiva, visual, olfativa e ou de outros sentidos.
Relatórios oficiais, como os da Organização Mundial da Saúde, reforçam a necessidade de políticas e práticas acessíveis para reduzir barreiras e ampliar a participação social. De acordo com o artigo 2° da Lei Brasileira de Inclusão as deficiências podem ser classificadas como: física, mental, intelectual e sensorial. Caso uma pessoa tenha duas ou mais deficiências é enquadrada como alguém que tem múltiplas deficiências.
Empresas que almejam se tornar verdadeiramente inclusivas precisam compreender a deficiência sensorial e adotar medidas de inclusão para seus colaboradores. Para contribuir, trouxemos explicações sobre o que é a deficiência sensorial, quais são seus tipos e outros aspectos relevantes sobre o tema.
O que é deficiência sensorial?
A deficiência sensorial é o quadro de perda total ou parcial de sentidos como o olfato, audição, visão, tato ou paladar. Por isso, as pessoas podem nascer com a deficiência ou adquirir a deficiência ao longo da vida.
Para ser classificado como deficiente, a pessoa precisa que essa perda seja parcial ou total de forma permanente ou com quadro de longa duração.
Quadros curtos, como ocorria na pandemia em que pacientes com covid-19 percebiam a perda do paladar, não configuram uma deficiência sensorial.
Qual é a diferença entre deficiência sensorial e transtorno sensorial?
É interessante perceber que a deficiência sensorial é um quadro de perda total ou parcial de um ou mais sentidos, por exemplo, redução da acuidade visual ou auditiva. Trata-se de uma condição permanente ou de longa duração que pode ser causada por fatores congênitos, genéticos, doenças ou lesões.
Enquanto o transtorno sensorial envolve uma alteração no processamento das informações sensoriais pelo cérebro. A pessoa percebe o estímulo, mas tem dificuldade de interpretar e reagir a ele.
O quadro de transtorno sensorial é comum em condições como TEA (Transtorno do Espectro Autista) e TDAH. Por isso, pessoas com transtorno sensorial podem manifestar o quadro com:
- Hiperresponsividade: reage de forma exagerada a estímulos, como barulhos ou luz;
- Hiporresponsividade: dificuldade em perceber estímulos, busca sensações intensas;
- Busca sensorial: procura constante por certos estímulos, como toques, cheiros, movimentos.
Quais são os tipos de deficiência sensorial?
É interessante saber que existem diferentes tipos de deficiência sensorial, que impactam diretamente no cotidiano da pessoa, como é o caso de:
Deficiência sensorial visual
A deficiência sensorial visual é a alteração total ou parcial da capacidade de enxergar. Pode ser causada por doenças como a catarata, glaucoma, traumas oculares, diabetes e degeneração macular.
A deficiência sensorial visual pode desencadear dificuldade de locomoção, impactar as atividades diárias e gerar a necessidade de usar cão-guia, sistema braille, contraste adequado, ampliação das fontes, sinalização tátil e outros recursos.
Deficiência sensorial auditiva
Consiste na perda total ou parcial da capacidade de ouvir sons. Pode ser classificada como surdez leve a profunda, dependendo diretamente de qual é o grau da perda auditiva apresentada.
É possível até mesmo que a pessoa sofra com surdez unilateral, quando a surdez acomete apenas um dos ouvidos. Além disso, é comum que a causa principal seja fatores genéticos ou infecções como rubéola, meningite e otites.
A surdez dificulta a comunicação oral, o aprendizado da linguagem e socialização. Nesses casos, é necessário usar aparelhos auditivos, implante coclear e recursos assistivos. No contexto de trabalho, soluções de interpretação simultânea em Libras como a plataforma de interpretação em Libras do ICOM possibilitam reuniões e atendimentos acessíveis em tempo real.
Deficiência sensorial do tato
Casos de deficiência sensorial do tato desencadeiam a redução ou ausência da capacidade de perceber estímulos como dor, temperatura ou texturas. Esses quadros podem ser ocasionados por lesões medulares, neuropatias periféricas e doenças neurológicas, por exemplo.
Para que a empresa seja inclusiva, é importante recorrer a adaptações do ambiente, como o uso de sensores e alarmes, para ter ganho de segurança. Em ambientes ocupacionais, recomenda-se sinalização visual e sonora, sensores e alarmes, EPIs adequados e procedimentos de segurança.

Deficiência sensorial do paladar
Uma deficiência sensorial do paladar é caracterizada pela alteração ou perda da capacidade de perceber sabores, seja ele azedo, amargo ou doce, por exemplo.
Pacientes em quimioterapia, pessoas com deficiências nutricionais ou lesões cranianas podem passar por quadros de deficiência sensorial do paladar.
Esse tipo de quadro pode desencadear risco nutricional provocado pela perda de prazer alimentar. O que pode exigir acompanhamento nutricional, flexibilização para exames e tratamentos e comunicação clara sobre riscos ocupacionais, por exemplo, em caso de exposição a substâncias químicas.
Deficiência sensorial olfativa
Ocorre uma alteração ou ausência da capacidade de perceber odores. Pode gerar redução do olfato, perda total ou distorção do cheiro percebido. O que desencadeia dificuldade de perceber fumaça, vazamento de gás e até mesmo alterações no sistema límbico.
Por isso, a pessoa precisa de adaptações ambientais como o uso de detectores de fumaça ou gás, para reduzir os riscos de acidentes. No trabalho, é prudente instalar detectores de fumaça e gás e adotar protocolos de segurança que não dependam exclusivamente do olfato.
O que significa acessibilidade sensorial?
A acessibilidade sensorial é a adaptação de espaços, serviços e produtos para que possam ser acessíveis para as pessoas com deficiência ou transtornos sensoriais, para que possam perceber, compreender e participar de forma autônoma.
Para tal é preciso adaptar o ambiente utilizando sinalização em Braille, pisos táteis, iluminação apropriada, legendas, áudio descrição, intérpretes de Libras, interfaces digitais acessíveis, tratamento acústico adequado e a adoção de políticas organizacionais que removam barreiras.
Ao melhorar a acessibilidade sensorial de um espaço, é possível beneficiar não apenas os deficientes, como também crianças, idosos e pessoas com autismo que frequentam o ambiente. Se sua empresa precisa cumprir cotas e reduzir riscos legais enquanto fortalece a própria reputação e produtividade, entenda como cumprir a Lei de Cotas com apoio do ICOM.
Quais são os direitos de quem tem deficiência sensorial?
As pessoas com deficiência sensorial possuem direitos que visam promover uma sociedade mais inclusiva, como:
1. Direito a aposentadoria da pessoa com deficiência
De acordo com a Lei Complementar nº 142/2013, pessoas com deficiência sensorial acessam regras diferenciadas para a aposentadoria. O que gera a redução no tempo de contribuição para acessar o benefício ou a diminuição da idade exigida para usufruir da aposentadoria.
2. Cotas para contratação no setor privado
É possível usufruir da Lei de Cotas, que proporciona cotas em empresas privadas e também em concursos públicos. De modo que, as empresas tornem-se ambientes mais acessíveis para pessoas com deficiência. A Lei 8.213/1991 em seu artigo 93 determina a reserva de cargos para pessoas com deficiência em empresas com mais de 100 empregados.
3. Reservas em concursos públicos federais
O Decreto 9.508/2018 disciplina percentuais de vagas para candidatos com deficiência na administração pública federal.
4. Atendimento prioritário
A Lei 10.048/2000 assegura prioridade de atendimento em órgãos públicos e privados, como clínicas, atendimentos de saúde, bancos, filas de supermercado e outros estabelecimentos onde a pessoa com deficiência sensorial tem atendimento.
5. Ambiente de trabalho acessível
É direito da pessoa com deficiência sensorial ter um ambiente de trabalho acessível, com o ajuste de mobiliário e estrutura para recebê-la. Uma vez que, o ambiente de trabalho acessível proporciona maior produtividade e condições de trabalho adequadas para uma rotina com qualidade de vida. A Lei 10.098/2000 e o Decreto 5.298/2004 estabelecem as normas gerais de acessibilidade arquitetônica, urbanística, de comunicação e informação.
6. Acessibilidade comunicacional como direito
A Lei de Libras 10.436/2002 e o Decreto 5.626/2005 reconhecem a Libras e regulamentam a formação e atuação de intérpretes. A LBI também reforça a acessibilidade comunicacional como direito.
Vale a pena incluir pessoas com deficiência sensorial nas empresas?
Sim e é uma decisão estratégica! Para além do cumprimento da lei, empresas inclusivas observam ganhos de produtividade, inovação, engajamento e reputação. Além de ampliar a base de talentos.
Empresas de todos os setores precisam ser inclusivas para que possam, inclusive, gerar identificação em seu público. Ao incluir uma pessoa autista com transtorno sensorial na empresa, por exemplo, o colaborador pode contribuir para que as pessoas autistas se sintam acolhidas e compreendidas pela empresa.
O mesmo é válido para a inclusão de pessoas com deficiência sensorial que podem contribuir para o cotidiano da organização. Seja uma pessoa surda, com baixa visão ou outra deficiência sensorial. Um profissional tem habilidades e competências que contribuem para o desenvolvimento do negócio, independentemente de suas limitações sensoriais.
Desafios comuns podem ser mitigados com treinamento contínuo, processos claros e parcerias especializadas como o Icom, que atua com interpretação em Libras em tempo real para operações e pessoas.
Por isso mesmo, ao promover um ambiente verdadeiramente inclusivo, a organização tem muito a ganhar.
Como incluir pessoas com deficiência sensorial nas empresas de forma correta?
Uma série de aspectos precisam ser considerados para que possa de fato incluir pessoas com deficiência sensorial nas empresas, como:
Adaptar os ambientes físicos e digitais
É necessário mapear as barreiras presentes no ambiente físico e digital e planejar soluções para cada uma delas, como tornar os banheiros acessíveis, ter rampas de acesso, sinalização tátil, contraste de cores, rotas acessíveis, teclado acessível e adotar as medidas necessárias conforme a demanda apresentada em cada imóvel.
É preciso adaptar ambientes físicos e digitais para que o profissional possa atuar, como é o caso de aumentar a fonte para pessoas com baixa visão. Bem como, utilizar iluminação adequada para o ambiente.
Sempre é possível adaptar os ambientes físicos e digitais da empresa para que possa garantir que o profissional se sinta incluído e possa desenvolver suas atividades com a eficiência esperada.
Implementar tecnologias assistivas
A implementação de tecnologias assistivas, como é o caso da utilização de plataforma do ICOM, por exemplo, é interessante para garantir que profissionais surdos possam se comunicar com colegas de trabalho que não são deficientes.
Existem diferentes tecnologias assistivas que podem ser utilizadas para que o ambiente se torne mais acessível, como o uso de impressoras Braille para deficientes visuais.
Criar uma política de inclusão
É indispensável que a empresa tenha uma política de inclusão clara, com uma quantidade de vagas, posições estratégicas e planejamento de carreira para todos os profissionais que são contratados, sejam eles deficientes ou não.
Quando o processo seletivo considera as habilidades do profissional e o coloca na vaga adequada para ele dentro da organização, é natural que se tenha um resultado muito mais eficaz na inclusão de deficientes no quadro da organização.
Promover treinamento para as equipes
Além dos vieses conscientes, é preciso eliminar também aqueles preconceitos inconscientes que acabam dificultando a integração da equipe. Por isso mesmo, o treinamento é fundamental para que a empresa possa promover um espaço verdadeiramente inclusivo.
O treinamento de equipes deve ser feito continuamente, com o intuito de gerar um ambiente em que os profissionais possam se desenvolver e a equipe possa ser fortalecida como um todo.
Incentivar feedbacks
A empresa precisa ser verdadeiramente inclusiva, ou seja, ir além de meramente contratar a pessoa com deficiência. Por isso, é importante incentivar o feedback, para que essas pessoas possam relatar dificuldades e consigam contribuir para que a organização se aperfeiçoe continuamente.
Ter um plano de carreira claro
Apenas incluir o profissional em cargos operacionais de menor remuneração não torna a empresa verdadeiramente inclusiva. Por isso mesmo, é importante ter em mente que o colaborador deficiente tem potencial de ser treinado e capacitado para atuar em diferentes cargos.
É indispensável ter um plano de carreira claro, que sirva de base para que esse colaborador possa ter acesso a oportunidade de crescer dentro da organização. Dessa forma, é possível mantê-lo engajado com a própria carreira. O que é benéfico para o colaborador e também para a empresa.
Conclusão
A deficiência sensorial apresenta alterações como a perda total ou parcial de sentidos, seja ele o olfato, audição, tato, visão ou paladar. Contudo, isso não desencadeia a exclusão do mercado de trabalho.
Na prática, o profissional poderá atuar em diferentes cargos, usufruindo da Lei de Cotas para que possa acessar organizações públicas ou privadas e compor o quadro de colaboradores.
Aproveite a plataforma ICOM para adequar sua empresa à Lei de Cotas e tornar o ambiente mais inclusivo de fato.
Perguntas frequentes sobre deficiência sensorial
Ainda tem dúvidas sobre a deficiência sensorial? Nós trouxemos alguns apontamentos, compreenda:
Qual é a deficiência sensorial mais comum?
A perda auditiva é a deficiência sensorial mais comum, podendo ser ocasionada por condições genéticas, ambiente de trabalho ruidoso sem o devido uso de equipamento de proteção individual e até mesmo uso prolongado de fones de ouvido acima da altura limite de decibéis.
Quem tem TDAH tem problema sensorial?
Pessoas com TDAH podem ter transtornos sensoriais, por isso, podem reagir de forma exagerada a estímulos, como barulhos ou luz.
Como as pessoas com deficiências sensoriais podem ler e se comunicar?
Uma pessoa com deficiência sensorial pode ler e se comunicar usando recursos tecnológicos, caso tenha deficiência auditiva ou visual, por exemplo. Cada deficiência requer uma adaptação com o intuito de garantir o desenvolvimento pleno da pessoa.
O que é um déficit sensorial?
Déficit sensorial pode ser entendido como a diminuição ou limitação de perceber estímulos por meio dos sentidos. Uma pessoa com miopia, por exemplo, tem um déficit sensorial. Dependendo de qual é o déficit, ele poderá ser corrigido, como é o caso da cirurgia refrativa que corrige a miopia.
O transtorno sensorial tem cura?
Quando se trata de um Transtorno do Processamento Sensorial (TPS) é importante saber que não existe uma cura definitiva conhecida pela medicina. Além disso, o quadro não é considerado uma doença.