Acessibilidade no Brasil: como é, tipos e maiores desafios

Acessibilidade no Brasil é um tema essencial quando se fala em inclusão, cidadania e equidade. Garantir o acesso pleno de todas as pessoas aos espaços físicos, digitais e sociais é mais do que empatia: é um direito previsto em lei e um dever coletivo.

De acordo com o IBGE, em 2022, mais de 18 milhões de brasileiros tinham algum tipo de deficiência. Ainda assim, essas pessoas enfrentam desigualdades profundas no acesso à educação, ao trabalho e à renda, reflexo da ausência de políticas inclusivas e de estruturas acessíveis em serviços públicos e privados.

A legislação brasileira já reconhece a acessibilidade como um direito, mas a prática ainda está longe do ideal. Neste artigo, vamos entender como o país trata o tema, quais são os principais desafios, tipos de acessibilidade e o que empresas e instituições podem fazer para promover inclusão real.

O que é acessibilidade?

A acessibilidade garante a todas as pessoas, com ou sem deficiência, o direito de participar plenamente da sociedade. Envolve eliminar barreiras físicas, comunicacionais, digitais e atitudinais, criando experiências que respeitam diferentes formas de ser, viver e se comunicar, ou seja, é um conceito que vai muito além de simples rampas ou elevadores.

O conceito está ligado à acessibilidade universal: soluções pensadas desde o início para atender a todos, sem adaptações posteriores. Isso inclui design acessível, sinalização tátil e Libras em vídeos e eventos. Esse deve ser um verdadeiro compromisso com a equidade, ampliando possibilidades e promovendo a convivência justa entre todos.

Como é a acessibilidade no Brasil?

Observa-se facilmente que a acessibilidade no Brasil ainda está longe de ser uma realidade plena. Apesar de leis que asseguram o direito ao acesso, o país enfrenta dificuldades para transformar teoria em prática. Faltam fiscalização, soluções consistentes e uma cultura que reconheça a acessibilidade como direito básico do ser humano, não como algo opcional.

Como aponta a arquiteta Keyla Valadão, “muitos espaços são projetados apenas para cumprir norma, sem uma real preocupação com a experiência do usuário com deficiência”. Isso gera barreiras que afetam autonomia e dignidade, comprometendo o acesso à educação, ao trabalho e à vida pública. Tornar o Brasil acessível exige intenção e compromisso coletivo.

Quais são as normas de acessibilidade no Brasil?

O Brasil possui um conjunto robusto de normas que orientam políticas públicas e práticas inclusivas. Essas legislações formam a base jurídica para promover acessibilidade em espaços físicos, digitais e sociais. A seguir, as principais normas em vigor:

  • Lei nº 10.098/2000 (Lei de Acessibilidade): estabelece normas gerais para garantir a acessibilidade de pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida em edifícios públicos e privados, meios de transporte e comunicação;
  • Decreto nº 5.296/2004: regulamenta as Leis nº 10.098 e nº 10.048, detalhando critérios técnicos para acessibilidade em espaços urbanos e edificações;
  • Lei nº 13.146/2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência): consolida os direitos das pessoas com deficiência, incluindo acessibilidade digital (Art. 63);
  • ABNT NBR 9050: norma técnica que define parâmetros de acessibilidade em edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos;
  • Lei nº 10.436/2002: reconhece a Libras como meio legal de comunicação, com uso obrigatório em instituições públicas.

Dica prática: O portal Governo Digital disponibiliza o Modelo de Acessibilidade em Governo Eletrônico (e‑MAG), obrigatório para órgãos públicos desde 2007, além de guias práticos com checklists para tornar sites acessíveis (ex.: texto alternativo, navegação a partir do teclado, contraste, formulários).

Existe mais de um tipo de acessibilidade no Brasil?

Sim. A acessibilidade no Brasil se expressa em diversas dimensões que, juntas, garantem a participação plena de todas as pessoas. Ela está presente na forma como nos comunicamos, navegamos no ambiente digital, consumimos cultura e nos movemos pelos espaços da cidade.

Cada tipo de acessibilidade atua em uma esfera da vida social. A comunicacional promove entendimento, a digital amplia o acesso online, a cultural garante presença nas artes, e a física assegura mobilidade. Pensar essas dimensões de forma integrada é essencial para construir um país mais inclusivo e consciente da sua diversidade. Veja mais detalhes:

1. Acessibilidade na comunicação

A acessibilidade na comunicação garante que todas as pessoas possam compreender e ser compreendidas, inclusive aquelas com deficiências sensoriais. Para a comunidade surda, isso envolve Libras, legendas e linguagem simples. Quando a comunicação é acessível ela aproxima, dá voz, cria vínculos reais e permite que ninguém fique à margem das conversas.

2. Acessibilidade digital

A acessibilidade digital permite que todas as pessoas, inclusive, as que usam tecnologias assistivas, naveguem com autonomia por sites e plataformas. Seguindo diretrizes como a WCAG, ela transforma a experiência online. 

acessibilidaCom soluções como videochamadas em Libras, o ICOM ajuda empresas a incluir de forma prática e responsável

3. Acessibilidade no lazer

A acessibilidade no lazer assegura que pessoas com deficiência possam desfrutar de atividades culturais e recreativas com liberdade e pertencimento. Quando espaços e eventos contam com recursos acessíveis, como intérpretes de Libras e comunicação inclusiva, o lazer deixa de excluir e passa a reunir — fortalecendo vínculos e celebrando a diversidade na sociedade brasileira

4. Acessibilidade na cultura

A acessibilidade na cultura abre caminhos para que todas as pessoas experimentem a arte com liberdade e presença. Quando um museu oferece audiodescrição ou um teatro apresenta Libras no palco, amplia-se não apenas o acesso, mas também a participação ativa, o reconhecimento simbólico e o direito à fruição estética.

5. Acessibilidade arquitetônica e urbana

A acessibilidade arquitetônica e urbana trata da criação de espaços que garantam mobilidade segura, autonomia e conforto para todas as pessoas. Inclui calçadas niveladas, sinalização tátil, banheiros adaptados e circulação desobstruída em ambientes públicos e privados.

Segundo Keyla, muitos espaços ainda são mal planejados por falta de fiscalização e preparo técnico, comprometendo a experiência de quem mais precisa. Afinal, princípios de design universal e mobilidade urbana inclusiva são a base para cidades mais justas, funcionais e acolhedoras.

Qual é a importância da acessibilidade no Brasil?

A acessibilidade é essencial para promover equidade, ampliar o bem-estar coletivo e garantir dignidade e autonomia. Quando os ambientes são pensados para incluir, a experiência do usuário melhora, o sentimento de pertencimento cresce e mais pessoas participam ativamente da vida em sociedade.

Alguns impactos positivos da acessibilidade são:

  • Melhoria na experiência de uso de produtos, serviços e espaços para todas as pessoas;
  • Fortalecimento da participação social e da autonomia de grupos historicamente excluídos;
  • Ampliação do alcance de marcas, instituições e políticas públicas;
  • Valorização da diversidade como princípio ético e estratégico;
  • Cumprimento das exigências legais com foco em inclusão real e duradoura.

Como observa a arquiteta Keyla Valadão, quando a acessibilidade é planejada com intenção e responsabilidade, ela melhora a experiência de todos, não apenas das pessoas com deficiência. Investir nisso é transformar espaços e relações de forma concreta e duradoura.

Quais são os maiores desafios de acessibilidade no Brasil?

Apesar dos avanços legislativos, o Brasil ainda enfrenta grandes obstáculos para garantir uma acessibilidade plena e efetiva. A ausência de políticas estruturadas, somada à baixa priorização do tema em muitos setores, impede que soluções sejam aplicadas com a consistência necessária para promover mudanças reais.

Entre os principais desafios, destacam-se:

  • Falta de fiscalização eficiente para garantir o cumprimento das normas de acessibilidade;
  • Carência de profissionais capacitados para desenvolver e implementar projetos inclusivos;
  • Investimento insuficiente por parte do setor público e privado;
  • Desvalorização da acessibilidade no planejamento de espaços e serviços;
  • Visão cultural que associa acessibilidade apenas a pessoas com deficiência, reforçando a exclusão.

Superar esses entraves exige compromisso institucional, revisão de prioridades e formação contínua. Por isso, a acessibilidade não pode ser tratada como um detalhe: ela deve ser integrada desde o início em todas as esferas da vida social.

Quais são os dados sobre a falta de acessibilidade no Brasil?

As estatísticas sobre acessibilidade no Brasil revelam desigualdades profundas e estruturais. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD), cerca de 18,6 milhões de brasileiros (8,9% da população com 2 anos ou mais) possuem algum tipo de deficiência

Apesar da legislação vigente, o acesso à educação, ao trabalho e à renda ainda é limitado para esse grupo. Ainda de acordo com o IBGE, apenas 7,4% das pessoas com deficiência completaram o ensino superior. No mercado de trabalho, apenas 26,6% estão ocupadas, contra 60,7% da população em geral. 

Esses dados revelam como a falta de acessibilidade alimenta uma realidade de exclusão social profunda, indo além da infraestrutura física. Portanto, é reforçada a urgência de aprofundar as pesquisas e adotar ações concretas que promovam a inclusão com base em estatísticas de deficiência atualizadas e confiáveis.

Conclusão

Falar sobre acessibilidade é, acima de tudo, reconhecer o direito de todas as pessoas viverem com autonomia, segurança e dignidade. No Brasil, ainda enfrentamos barreiras que limitam o acesso à educação, ao trabalho e à participação social. Superá-las exige ação estruturada, fiscalização efetiva e compromisso coletivo com a inclusão.

Nesse cenário, o ICOM se destaca como parceiro de empresas e instituições que desejam promover a inclusão de forma concreta. Com soluções acessíveis e suporte especializado, a plataforma facilita atendimentos, reuniões e interações com Libras, rompendo barreiras que ainda excluem.

Para avançar nessa direção, é possível contar com ferramentas eficazes e acessíveis. O ICOM contribui para tornar a comunicação mais inclusiva, promovendo autonomia, pertencimento e diversidade nos ambientes profissionais.

Este conteúdo foi produzido em coautoria com a Arquiteta Keyla Valadão, especialista no segmento de Food Service. Com mais de 100 projetos executados e mais de 30 consultorias estratégicas para bares, cafeterias e restaurantes, Keyla atua com foco em eficiência, experiência do usuário e viabilidade operacional.

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