WCAG: o que é, significado e princípios básicos

janela de libras

WCAG o que é e por que ela importa? Imagine acessar um site para agendar uma consulta, buscar emprego ou participar de um curso — e não conseguir concluir nenhuma dessas tarefas porque o conteúdo não foi feito para você. Para milhões de brasileiros com deficiência, essa ainda é a realidade. Segundo a Organização Panamericana de Saúde (OPAS), mais de 1,5 bilhão de pessoas têm algum grau de deficiência auditiva, e muitas delas enfrentam barreiras diárias ao navegar na internet.

No Brasil, desde 2002, com a promulgação da Lei nº 10.436, a Libras passou a ser reconhecida oficialmente como meio legal de comunicação. A partir desse marco, a acessibilidade digital ganhou força como um direito fundamental, especialmente em plataformas que envolvem serviços, educação e oportunidades de trabalho. Ainda assim, a exclusão comunicacional persiste, e soluções técnicas se tornam cada vez mais urgentes.

É nesse cenário que surge a WCAG, um padrão internacional que orienta a construção de conteúdos digitais acessíveis para todos. Suas diretrizes oferecem um caminho prático para transformar sites, sistemas e aplicativos em ambientes realmente inclusivos, respeitando as múltiplas formas de comunicação e promovendo uma internet mais justa para todas as pessoas.

O que é WCAG?

A sigla WCAG vem do inglês Web Content Accessibility Guidelines, ou Diretrizes de Acessibilidade para o Conteúdo da Web. Elas orientam a criação de sites e aplicativos acessíveis a todas as pessoas, inclusive com deficiência visual, auditiva, motora ou cognitiva. O objetivo é garantir que qualquer usuário consiga navegar e interagir com autonomia.

As recomendações da WCAG ajudam empresas e instituições a construírem experiências digitais mais inclusivas. Isso envolve descrição de imagens, contraste adequado, navegação por teclado e uso de intérprete de Libras

O ICOM contribui com esse processo ao oferecer intérpretes em tempo real, facilitando a comunicação com pessoas surdas e atendendo a critérios exigidos pela WCAG.

Quais são as versões das WCAG?

Desde sua criação, a WCAG passou por várias atualizações importantes. Cada nova versão reflete os avanços da tecnologia e as mudanças de comportamento dos usuários. 

A seguir, você confere quais são essas versões, o que elas representam e quais estão disponíveis em português:

  • WCAG 1.0 (1999): primeira versão, focada em acessibilidade básica para páginas estáticas da web;
  • WCAG 2.0 (2008): estruturada em torno de princípios universais e critérios testáveis. Ainda é amplamente usada;
  • WCAG 2.1 (2018): trouxe melhorias voltadas para acessibilidade por telefone móvel, e também para pessoas com baixa visão e dificuldades cognitivas;
  • WCAG 2.2 (2023): versão mais recente, aprofunda os critérios cognitivos e refina as exigências para formulários e interações;
  • WCAG 3.0 (em desenvolvimento): proposta de reestruturação completa das diretrizes, com foco em usabilidade contínua e avaliação mais flexível.

As versões 2.0 e 2.1 da WCAG já foram traduzidas para o português e são amplamente utilizadas no Brasil em sites institucionais, plataformas de e-commerce, concursos públicos e portais de serviços. Elas servem como base técnica para garantir acessibilidade digital em diferentes setores.

Contudo, a recomendação mais atual é adotar, no mínimo, o nível AA da versão 2.1. Os diferentes níveis da WCAG serão detalhados nas próximas seções, mas, por ora, vale saber que esse é um padrão intermediário, que reúne critérios essenciais como contraste adequado, navegação por teclado e acesso via dispositivos móveis.

Seguir as diretrizes da WCAG é mais do que respeitar um padrão técnico: é demonstrar compromisso com a diversidade e com os direitos das pessoas com deficiência. Na prática, isso significa garantir que todos consigam interagir com seu conteúdo digital com autonomia, clareza e segurança.

Quem criou a WCAG?

As diretrizes WCAG foram criadas pelo W3C — World Wide Web Consortium, o principal órgão internacional responsável por definir os padrões técnicos da internet. Fundado em 1994, o W3C reúne especialistas de todo o mundo em áreas como acessibilidade, usabilidade e desenvolvimento web.

A WCAG surgiu dentro da Iniciativa de Acessibilidade na Web (WAI), lançada pelo próprio W3C com o propósito de tornar a web universalmente acessível. Desde o início, esse trabalho tem contado com a colaboração de pesquisadores, organizações da sociedade civil, governos e pessoas com deficiência, garantindo uma construção plural e conectada à realidade de diferentes comunidades.

Essa abordagem colaborativa faz com que as diretrizes da WCAG sejam reconhecidas globalmente como referência técnica e ética. Ao adotar seus critérios, empresas e desenvolvedores passam a integrar uma rede internacional comprometida com uma internet mais justa e acessível.

Quais são os níveis de recomendações?

A estrutura da WCAG é organizada em três níveis de recomendação que funcionam como camadas complementares: princípios de design, diretrizes e critérios de sucesso. Cada nível aprofunda o anterior, criando um sistema coerente que orienta a criação de ambientes digitais acessíveis, desde os fundamentos até as métricas de avaliação.

Esses níveis funcionam como a planta de um edifício: os princípios são a base estrutural; as diretrizes, os caminhos que conduzem à aplicação prática desses fundamentos; e os critérios de sucesso são os detalhes técnicos que comprovam se cada exigência está sendo cumprida. Essa organização facilita a adoção progressiva da acessibilidade, mesmo por equipes que ainda estão iniciando nesse campo.

Ao aplicar essa estrutura em um site ou sistema, é possível planejar ações com clareza: os princípios mostram o que deve ser garantido; as diretrizes explicam como implementar; e os critérios tornam tudo mensurável. Essa lógica evita que a acessibilidade seja tratada como algo abstrato ou opcional, permitindo avanços concretos e verificáveis. A seguir, veja com mais detalhes como funcionam os três níveis.

Design Principles (Princípios de Design)

Os princípios de design são os fundamentos técnico-filosóficos da WCAG. Eles definem quatro condições indispensáveis para que qualquer conteúdo digital seja acessível, ele deve ser

  • Perceptível:o conteúdo precisa estar disponível por múltiplos sentidos, visual e auditivo, por exemplo;
  • Operável: ser navegável por diferentes métodos, como por mouse, teclado, toque, voz etc.;
  • Compreensível: ter linguagem clara e estrutura previsível; 
  • Robusto: funcionar corretamente em diferentes navegadores, sistemas operacionais e tecnologias assistivas.

 São esses princípios que guiam todas as outras decisões da WCAG.

Guidelines (Diretrizes)

A partir de cada princípio, desdobram-se diretrizes que indicam objetivos mais específicos. Ao todo, a WCAG 2.1 reúne 13 diretrizes, que orientam aspectos como contraste entre texto e fundo, uso de alternativas textuais para imagens, flexibilidade na orientação da tela, entre outros. Elas funcionam como metas temáticas, agrupadas sob os quatro princípios.

Por exemplo, uma diretriz ligada ao princípio “Perceptível” exige que todo conteúdo visual importante seja acompanhado de texto alternativo. Já no princípio “Operável”, há diretrizes que tratam de permitir pausas em conteúdos em movimento, ou que determinam que todas as funções do site sejam utilizáveis por teclado.

Essas diretrizes não são testáveis por si só, mas funcionam como ponte entre os conceitos gerais e os critérios técnicos que virão a seguir. Elas ajudam profissionais a entender o que precisa ser feito em cada etapa do projeto, mesmo sem conhecimento técnico profundo.

Success Criteria (Critérios de Sucesso)

Cada diretriz é acompanhada por um ou mais critérios de sucesso, que são os elementos testáveis da WCAG. São esses critérios que permitem verificar, de forma objetiva, se um conteúdo está acessível conforme os padrões definidos. A WCAG 2.1 conta com 78 critérios de sucesso, divididos entre os quatro princípios e organizados por nível de exigência.

Esses critérios descrevem condições observáveis como “todo vídeo com áudio deve ter legenda sincronizada” ou “o usuário deve poder navegar por todas as funções usando apenas o teclado”. Eles são a base para auditorias, certificações, testes automatizados e ajustes de acessibilidade em sites, aplicativos e plataformas digitais.

Os critérios de sucesso são classificados nos níveis A, AA e AAA, conforme o grau de exigência. Essa classificação permite que organizações avancem gradualmente na adequação de seus ambientes digitais, de acordo com seus contextos e objetivos. É a partir dessa fundação sólida que se constrói um ambiente digital verdadeiramente acessível e funcional para todos. 

Quais são os 4 princípios básicos no WCAG?

Agora que você já conhece a estrutura das recomendações da WCAG, é hora de entender com mais profundidade o primeiro nível: os princípios de design, ponto de partida de toda a lógica de acessibilidade digital. Eles garantem que os conteúdos sejam apresentados, organizados e operados de forma compatível com diferentes tipos de deficiência, dispositivos e tecnologias assistivas.

A WCAG parte do princípio de que, para ser acessível, um conteúdo precisa seguir quatro princípios fundamentais. Esses pilares orientam toda a estrutura das diretrizes e critérios técnicos que devem ser aplicados a partir deles. Os princípios são:

Perceptível (Perceivable)

A informação deve ser apresentada de maneira que possa ser percebida por ao menos um dos sentidos. Isso inclui uso de texto alternativo em imagens, legendas em vídeos, contraste de cores adequado e flexibilidade para ampliar ou adaptar a fonte. 

Exemplo de critério: garantir que informações visuais não sejam a única forma de transmitir uma mensagem.

Operável (Operable)

A interface precisa ser navegável e utilizável por todos. Isso significa que todas as funcionalidades devem estar disponíveis por teclado, que o tempo de leitura e resposta deve ser ajustável e que elementos interativos como sliders ou menus não criem barreiras.

Exemplo de diretriz: permitir que o usuário pause ou pare um conteúdo em movimento, como um carrossel de imagens.

Compreensível (Understandable)

A comunicação deve ser clara e consistente. Isso inclui linguagem simples, estrutura previsível e orientação em caso de erro, como em formulários. 

Uma aplicação prática é informar o que está errado quando um campo é preenchido incorretamente — e como corrigi-lo.

Robusto (Robust)

O conteúdo precisa funcionar corretamente em diferentes navegadores, dispositivos e leitores de tela. Para isso, é fundamental usar código semântico e compatível com padrões web. Exemplo: o uso apropriado de marcação HTML que possa ser interpretada por softwares assistivos de maneira confiável.

Esses quatro princípios não são apenas conceitos, são fundamentos aplicáveis que orientam todo o restante da WCAG. Quando bem incorporados desde as primeiras etapas de um projeto, eles facilitam a adoção das diretrizes e o cumprimento dos critérios de sucesso, preparando o terreno para uma acessibilidade real e duradoura.

Conclusão

Tornar o conteúdo digital acessível é uma responsabilidade compartilhada por todos que produzem, publicam e operam na internet. A WCAG surge como referência internacional para orientar esse caminho, com princípios claros, diretrizes objetivas e critérios testáveis que favorecem uma web mais justa e funcional.

No ambiente corporativo, aplicar essas diretrizes significa respeitar a diversidade e garantir que cada colaborador tenha as condições necessárias para se comunicar com autonomia. É nesse ponto que a tecnologia do ICOM atua de forma estratégica: promovendo a acessibilidade comunicacional com intérpretes de Libras em tempo real, em plataformas simples e eficazes.Se a sua empresa deseja promover uma inclusão real e contínua, conheça as soluções digitais do ICOM e torne o seu ambiente de trabalho verdadeiramente acessível. Incluir não é mais um diferencial — é um compromisso com o presente e o futuro das relações humanas no mundo digital.

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