Falar sobre inclusão da comunidade surda é entender que não estamos apenas diante de uma questão de acessibilidade, mas de respeito à identidade cultural, comunicação e formas de convivência. A Libras, por exemplo, não é apenas uma ferramenta de comunicação, mas parte fundamental dessa cultura. 

Neste conteúdo, vamos explorar como as empresas podem e devem atuar para promover uma inclusão verdadeira, que reconhece o valor da comunidade surda e oferece caminhos de protagonismo. Acompanhe os principais pontos e compartilhe com sua equipe para ampliar esse olhar! 

O que se entende por comunidade surda? 

Diferente do que muitos pensam, a comunidade surda não se define apenas pela ausência da audição. Trata-se de um grupo social e cultural que compartilha uma língua (a Libras), valores, experiências e uma visão de mundo própria e centrada na comunicação visual. 

A Língua Brasileira de Sinais (Libras) é nacional, enquanto a Língua de Sinais é universal. Portanto, o domínio de Libras é parte formação da identidade da comunidade surda brasileira. 

A cultura surda reforça o sentimento de pertencimento, conexão e resistência. É por meio dela que pessoas surdas constroem sua identidade, reconhecem suas histórias e se fortalecem como grupo. 

Como a comunidade surda é formada? 

A comunidade surda é composta por diversos grupos e redes, como associações de surdos, coletivos culturais, instituições de ensino bilíngue, consultorias e lideranças locais. Muitos desses espaços são fundados e liderados por pessoas surdas, o que reforça a autonomia e o protagonismo do grupo. Compreenda um pouco mais sobre os grupos que formam a comunidade: 

Grupos que lutam por direitos 

No quesito educação e defesas de políticas para a comunidade, a Feneis (Federação Nacional de Educação de Surdos) se destaca. Além disso, existem outras entidades importantes para a comunidade como a Federação Mundial de Surdos e a Associação dos Surdos de São Paulo (ASSP). 

Essas redes atuam tanto na promoção da Libras quanto na luta por direitos, no fortalecimento da identidade surda e na educação da sociedade ouvinte. 

Grupos que difundem informações 

Outro ponto relevante é o papel dos influenciadores digitais, como Andrei e Tainá Borges que compartilham a cultura surda e ensinam Libras online. O que contribui para a difusão de informações e educação da população ouvinte. 

Grupos que pesquisam e trazem visibilidade 

Existem também aqueles que pesquisam e buscam visibilidade para a comunidade e cultura surda, como é o caso de grandes nomes como a pesquisadora brasileira Gladis Perlin, que aborda a identidade surda. 

Como toda sociedade é natural que a comunidade surda seja dividida em diferentes grupos, com pessoas que atuam em variadas frentes, buscando visibilidade, respeito, acesso à direitos e representatividade social. 

O que a comunidade surda defende?  

Entre os principais direitos defendidos estão: o uso oficial da Libras em ambientes públicos e privados, educação bilíngue (português e Libras), acessibilidade em espaços físicos e digitais, e o reconhecimento da identidade cultural surda.  

Além disso, é cada vez mais comum a luta pelo protagonismo surdo, que envolve não apenas “estar presente”, mas também ter o direito de participar ativamente em tomadas de decisões que impactam suas vidas. 

Qual a diferença ente cultura surda, comunidade surda e povo surdo? 

Muitos confundem deficiência auditiva com identidade surda. Enquanto o primeiro termo se refere a uma condição clínica (graus de perda auditiva), o segundo está relacionado ao pertencimento cultural. Ou seja, nem toda pessoa com deficiência auditiva se considera surda culturalmente e vice-versa.  

Além disso, é preciso diferenciar acessibilidade (como ter intérpretes em vídeos) de inclusão (valorizar a participação ativa e o protagonismo surdo em tomadas de decisão, por exemplo). 

Quem são as pessoas que marcaram a história da comunidade surda? 

A história da comunidade surda é marcada por lideranças que abriram caminhos.  

Laurent Clerc 

No cenário internacional, o reconhecido internacionalmente educador francês ficou conhecido como o “O Apóstolo dos Surdos na América”. Ele foi cofundador da primeira escola para surdos nos Estados Unidos, a American School for the Deaf, em 1817, desempenhando um papel crucial na introdução e disseminação da Língua de Sinais Americana (ASL). Sua atuação e experiência foram fundamentais para moldar a educação de surdos e fortalecer a identidade da comunidade surda nos EUA e influenciar outros países. 

Ferdinand Berthier 

Proeminente líder surdo francês do século XIX, destacou-se como um dos primeiros e mais eloquentes defensores da identidade e cultura surda em nível internacional. Professor, escritor e ativista, fundou a primeira organização social e política de surdos no mundo, a Société Centrale des Sourds-Muets, em Paris. Sua representatividade e experiência foram cruciais para promover os direitos dos surdos, a valorização da língua de sinais e a organização da comunidade surda na Europa. 

Ronice Müller de Quadros 

É uma das principais referências nos estudos sobre Libras e cultura surda no Brasil. Sua atuação acadêmica envolve pesquisas sobre aquisição da Libras e defesa dos direitos linguísticos da comunidade surda. Influencia políticas públicas e forma novos pesquisadores com forte engajamento na valorização da identidade surda. 

Fernando Capovilla 

É um pesquisador brasileiro de destaque na neuro psicolinguística cognitiva, com foco na Língua de Sinais. Criador de dicionários e enciclopédias de Libras, teve papel fundamental na difusão e reconhecimento da língua. Sua produção científica impacta diretamente políticas educacionais inclusivas para surdos. 

Quais são 3 exemplos de apoio que a comunidade surda oferece? 

Em linhas gerais, a comunidade surda se apoia por meio de diferentes ações, como: 

1. Eventos culturais 

As associações e entidades oferecem cursos e eventos, levando informação e promovendo a oportunidade de que todos interajam. O que é fundamental para que mais pessoas tenham acesso à informação, conscientização e possam se inserir na cultura e comunidade surda. 

2. Grupos nas redes sociais 

Com o acesso às redes sociais, formaram-se grupos onde surdos podem trocar experiências, acessam oportunidades e socializam. 

3. Advocacia pelos direitos surdos 

A comunidade surda se mobiliza para defender os direitos dos surdos, lutando por políticas públicas mais inclusivas, participação social e oportunidades iguais. 

Esse apoio interno é essencial para lidar com as barreiras que ainda existem no mundo ouvinte. 

Quais são os desafios da comunidade surda? 

Mesmo com os avanços recentes, ainda existem desafios significativos na comunidade surda, como: 

1. Reuniões sem intérpretes 

Após se tornarem parte de equipes em empresas e projetos, os surdos continuam enfrentando dificuldade de participação por causa das reuniões sem intérpretes. 

2. Comunicação exclusivamente escrita 

Com a falta de intérpretes e plataformas que não são adaptadas aos surdos, a comunicação se limita à escrita. E isso acaba prejudicando a real inserção da pessoa na comunidade.  

3. Falta de sensibilidade de líderes e colegas 

Por não compreender ou até mesmo por nutrir um preconceito velado, os colegas não conseguem incluir de fato o profissional surdo.  

O que revela a necessidade de transformar a cultura da empresa, desde o onboarding até os cargos de liderança. 

Conte com o ICOM para que sua empresa seja acessível à comunidade surda 

Para empresas que desejam avançar, aqui vão algumas ações práticas: 

• Contratar intérpretes e consultorias especializadas; 

• Oferecer capacitação em Libras para todos os níveis da equipe;

• Revisar processos seletivos e plataformas digitais;

• Criar espaços seguros para escuta e protagonismo.

Mais do que cumprir obrigações legais, promover a inclusão da comunidade surda é uma oportunidade de crescimento, inovação e transformação social. Dê o primeiro passo hoje e colha os frutos de uma empresa mais humana e diversa. 

O ICOM é uma plataforma de atendimento em Libras que surgiu como uma solução para promover a acessibilidade da comunicação nas organizações que atuam com colaboradores surdos. Conheça o ICOM e torne sua empresa verdadeiramente acessível.